Por Marcos Hirai*
Tenho notado que alguns shopping centers brasileiros ganharam tapumes novos recentemente. De fato, várias redes de varejo estão “desacelerando”, reduzindo seu número de lojas, diminuído suas metragens ou mesmo deixando de existir.
Grandes nomes do varejo brasileiro e internacional que reluziam seus letreiros há alguns anos estão amargando um retrocesso do qual, em alguns casos, não se recuperarão da mesma forma. A atual crise econômica e política já estão transformando o mix dos shoppings brasileiros.
Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o patamar de vacância de lojas em shopping centers em 2015 foi de 4,1%, ante 2014, que foi de 2,8%. Em 2016 certamente este número será maior. A vacância se agrava ao olharmos os empreendimentos mais novos, inaugurados nos últimos 4 anos. Há equipamentos com 30% de lojas vagas.
Mas surge daí a oportunidade para a entrada de novos lojistas e novos formatos de ocupação dos espaços, a começar com os custos de aluguel, muito menores do que os praticados no inicio do ano passado. Além disso, os valores das luvas também vêm apresentando quedas nominais e em alguns casos, a extinção da cobrança.
Além de novos projetos de varejo que estão surgindo, novas operações de conveniência, serviços, gastronomia, lazer e entretenimento também começam a florescer. Nunca antes o mercado de shopping centers esteve tão receptivo para a entrada de novos players. Shopping centers considerados “fechados” e de difícil entrada começam a rever esta posição. De fato, estamos vivendo aqui no Brasil a busca pela reinvenção do mix. É a lei natural das coisas. O mercado vai se rearranjar.
Redes regionais começam a serem convidadas para atravessarem suas fronteiras, redes pequenas e capitalizadas conseguem crescer pelas boas oportunidades que surgem, além de grupos investidores que entendem que é o momento de aproveitar que os custos de ocupação estão baixos. Além disto, áreas de restaurantes começam a ganhar mais espaço; atrações de entretenimento, lazer e diversão também. Uma novidade é a crescente presença de parques temáticos se instalando em shopping centers.
O que se nota é que a própria vocação do shopping center começa a mudar com este movimento. Antes, essencialmente um centro de compras. Hoje, o shopping se assemelha cada vez mais como um “hub social”, onde as pessoas transformam-os em um local de encontros, de lazer, de confraternização, de passar um tempo, e que eventualmente também pode ser um local para fazer compras.
Portanto, o momento é de repensar, de testar, de se arriscar, de pensar “fora da caixa”.
As oportunidades existem. Que tal?
*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da BG&H Retail Real Estate