O setor de frutas, flores, legumes e verduras (FFLV) termina o ano otimista com os números do mercado interno, o aumento das exportações da fruticultura e o enfrentamento dos impactos climáticos. A conclusão foi anunciada no encontro de fim de ano da IFPA (International Fresh Produce Association), entidade mundial que representa o setor e que analisou o balanço de 2023 e discutiu as oportunidades para 2024.
Líderes do setor de FFLV traçaram um balanço positivo: Antonio Carlos Rodrigues, diretor região sudeste do Ibraflor e presidente do Ceaflor, disse que o setor fecha o ano com 8% de crescimento.
Já o presidente da CNEVeg e conselheiro da Ibrahort, Paulo Schincariol, disse que o segmento de hortaliças ainda não recuperou os índices pré-pandemia e que os problemas climáticos impactaram significativamente o preço ao consumidor de produtos como brócolis e alface, mas há oportunidades para nichos como saladas prontas e desenvolvimento de áreas de produção em microclimas no Nordeste e no Cerrado.
Consumo tende a aumentar
O Cepea, que analisa 1200 produtores de 13 cadeias de hortaliças, apresentou um desenho das tendências bem positivo. Margarete Boteon, da Esalq/USP e diretora do Cepea, acredita que até 2027 o consumo de produtos frescos será “modesto”, com 2% a 3% de crescimento por ano e estabilidade em culturas tradicionais como batata, tomate, banana e folhagens.
Os dados mostram que o consumidor tem buscado um prato mais diversificado, incluindo o consumo de novos produtos e marcas de FLV, que permitem um melhor ganho de valor ao produtor. O consumo de HF processados vai crescer, como batata pré-frita e polpa de tomate.
“Esse ano batemos o recorde de exportação de frutas, melhoramos a logística e retomamos a área de cultivo de 2019. Os impactos do El Niño e das mudanças climáticas serão um desafio para o verão das hortaliças, mas a previsão para o primeiro semestre de 2024 é manter exportação boa e a estabilidade de área de cultivo in natura”, analisa a diretora do Cepea.
Reforma Tributária é a preocupação para 2024
Um dos gargalos para toda cadeia de produtos frescos será entender os impactos da Reforma Tributária. A preocupação é apreciar o texto base que será aprovado no Congresso e propor, em 2024, leis complementares que mantenham a isenção de tributação dos produtos da cesta básica e a diminuição de produtos essenciais para a alimentação da população.
“Estamos atentos à proposta de cesta estendida, do cashback e quem vai pagar a conta das isenções. O varejo acompanha e trabalha em esclarecer no Congresso nossas sugestões que não prejudiquem o consumidor, quem produz e quem vende alimentos essenciais”, explicou Marcio Milan, VP da Associação Brasileira de Supermercados.
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