Negligência que gera concorrência

Quando olho para a complexidade do ambiente de negócios atualmente, cada vez mais me certifico de que empreender exige, além de coragem, um pouco de insanidade. Isso porque ser bem sucedido num ambiente tão complexo exige muito do empresário, que não pode se dar ao luxo de não dar atenção ou negligenciar algum ponto-chave do negócio.

Qualquer deslize facilmente é identificado e visto como oportunidade pela concorrência para oferecer algo melhor ou mais completo para o consumidor. E, às vezes, isso não ocorre por eficiência do concorrente, mas por uma mera questão de transparência e dinâmica do mercado.

Considere o ambiente online, por exemplo. Não é novidade que o tal do shift to online, ou a transição do físico para o digital dos últimos meses, ganhou uma nova e real dimensão para as marcas. Em algumas situações, foi em razão da busca pela sobrevivência, em outras, de aproveitamento de oportunidade. O fato é que o digital, do ponto de vista do consumidor, significa um universo completamente novo de possibilidades – novas marcas, novos produtos, novas abordagens e soluções.

Preste atenção nesse dado da Euromonitor: 48% dos consumidores globais descobriram novas marcas usando as redes sociais nos últimos meses. Isso significa dizer que o universo digital expôs ainda mais o mercado. Aquelas marcas que se relacionam com o consumidor de forma apenas transacional estão correndo o risco de perderem o lugar para uma outra marca, que pode ser menos conhecida, mas que tem uma oferta similar, apenas por uma questão de visibilidade na rede.

Traduzindo: considere que, se você não tem a oferta do produto online, imediatamente o consumidor vai buscar outra marca que o atenda – e ele vai encontrar. Não uma, mas várias opções que podem ocupar seu espaço a um “google” de distância.

Esse tipo de alerta tem de causar ao menos três reflexões nas marcas.

Pode parecer uma visão muito radical, mas na prática é isso mesmo. Negligência gera concorrência. E quem é que pode sustentar ser negligente com o consumidor num cenário como o atual?

Lyana Bittencourt é CEO do Grupo BITTENCOURT

Imagem: Bigstock

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