Lançado em 2020 e com acesso restrito por meio de convites, o aplicativo Clubhouse está no centro dos debates no Brasil. Após a entrada de nomes como Oprah Winfrey e Elon Musk, a nova rede social, baseada em conteúdo de áudio, tem atraído CEOs e personalidades e promete movimentar também o mundo dos negócios.
Segundo levantamento da empresa de dados e client aquisition Decode, as buscas de brasileiros pelo novo app chegaram a 2 milhões no último dia 7 de fevereiro, superando em 66% aquelas pelo TikTok. Enquanto isso, no exterior, os usuários já estão interessados no valor das ações do Clubhuse.
Para o CEO da Decode, Renato Dolci, CEO da Decode, o aplicativo se beneficia do senso de exclusividade e do crescimento do consumo de conteúdo em áudio impulsionado pelos podcasts para atingir um público qualificado. “O lançamento mirou nos early adopters, com a priorização da plataforma iOS e o sistema de indicações. Do ponto de vista de negócio, um dos resultados disso é justamente despertar o interesse de investidores”, sinaliza.
Como funciona o Clubhouse
O Clubhouse é uma rede social que oferece salas de bate-papos com temas diversos, de entretenimento a negócios e até mentorias, para as quais as pessoas podem encaminhar dúvidas, participar de conversas ou comentar o que novidades, sempre por mensagens de áudio. As discussões não são gravadas ou salvas.
Para a diretora da Agência Contatto, Talita Scotto, é importante, para as marcas, estar na rede social. “Não há como prever o futuro do aplicativo, mas já é visível que o formato agrada, tem grande potencial de gerar conexão entre pessoas, já está atraindo CEOs, personalidades e pode gerar negócios no futuro”, analisa.
Ela destaca que a rede social tem características mais voltadas para o aprendizado e a troca de conhecimentos e permite que profissionais de marketing, por exemplo, explorem a exclusividade e a estratégia da escassez que são a base do modelo atualmente.
“Com tempo determinado em cada sala e com capacidade para até 5 mil ouvintes ao mesmo tempo, o Clubhouse oferece engajamento em tempo real e capacidade de promover interação entre profissionais, celebridades e o acesso a grandes nomes do mercado de maneira simples, rápida e a qualquer hora”, pontua.
Conversas naturais e eficientes
Uma pesquisa recente da Deloitte apontou que o mercado de podcasts movimentou mais de US$ 1 bilhão em 2020. O Clubhouse chegou a um valuation de US$ 1 bilhão em apenas um ano. Outro estudo, da Walker Sands, mostra que um em cada cinco consumidores nos Estados Unidos já fez alguma compra por meio de um dispositivo controlado por voz, como o Amazon Echo ou Google Assistant.
Para o diretor de Marketing da Tatix Full Commerce, Felipe Russi, o sucesso da nova rede comprova a força de estratégias de áudio e voice search.
“A popularização de homekits e assistentes pessoais virtuais tende a tornar as compras realizadas por comando de voz cada vez mais comuns. É esperado que as conversas conduzidas por Inteligência Artificial fiquem cada vez mais naturais e eficientes. Enquanto isso, os recursos humanos ficam livres para as tarefas onde são insubstituíveis. E, baseando-se nos históricos de buscas e compras dos consumidores, as lojas podem oferecer recomendações mais assertivas”, observa.
Estima-se que, até 2022, o volume transacionado por assistentes de voz será de U$ 40 bilhões, de acordo com uma pesquisa da OC&C Strategy Consultants. “Hoje, o principal uso desses dispositivos é para escutar música, consultar notícias, buscar informações e previsão do tempo, por exemplo. Mas a tendência é que a ferramenta vá se tornando um hábito diário e com isso os usuários variem seu uso até chegar às compras, que é o que estamos enxergando com bons olhos como conveniência e também acessibilidade”, finaliza Felipe.
Imagem: Bigstock