A responsabilidade social tem sido cada vez mais inserida nas discussões de muitas empresas. Para discorrer sobre o assunto, a NRF 2021: Retail’s Big Show – Chapter 1 contou com Stephanie Wissink, diretora-gerente de Pesquisa do Consumidor na Jefferies e responsável por moderar o painel desta quarta-feira (13) sobre o tema. Ao lado dela estavam Kendra Clarke, vice-presidente de Ciência de Dados e Desenvolvimento de Produtos da sparks & honey; Ron Jarvis, diretor de Sustentabilidade da The Home Depot; e Dave Kimbell, presidente da Ulta Beauty.
Logo de início, Stephanie observou que ser socialmente responsável não é mais um ponto de distinção. É o que as partes interessadas, sejam clientes, funcionários e investidores de capital, esperam. Mas o que envolve atender a essa expectativa? A responsabilidade social é uma resposta? Uma agenda? Uma estratégia? Ou é simplesmente uma necessidade?
Para Kimbell, trata-se de uma necessidade e deve ser incorporada ao núcleo da empresa. “É algo impulsionado pelos consumidores que fazem escolhas sobre com quem desejam se alinhar, e a partir disso você constrói uma estratégia”, disse.
Jarvis, da Home Depot, concordou. Ele ainda observou que a visibilidade e a importância da responsabilidade social e da sustentabilidade aumentaram significativamente. “Temos milhares de fornecedores lançando seus produtos para nós”, disse ele. “Algumas décadas atrás, um em cada 30 mencionaria questões relacionadas a esse tema. Hoje, quase todos iniciam ou encerram suas apresentações com destaque para a sustentabilidade.”
Afetaando tudo e todo mundo
Ao ser questionada sobre como os dados e análises deveriam ser incluídos em um plano de responsabilidade social, Kendra Clarke foi enfática ao afirmar que a liderança deve pensar sobre essas questões da forma mais ampla possível. O pressuposto, segundo a executiva, é que a responsabilidade social é um centro de custos a ser controlado por métricas adequadas. “Isso afeta sua receita. Afeta tudo. Fazemos uma mudança e esperamos que ela apareça nos resultados de negócios”, disse.
Mas também é preciso, admitiram os executivos, ser ágil nas mudanças. Segundo as estimativas de Jarvis, as ideias de mudanças partem de duas frentes: de 80% a 90%, da base de fornecedores e funcionários, e de 10 a 20%, da liderança corporativa. A chave para a agilidade, sugeriu ele, está em compreender suas próprias suposições.
“Temos um ditado: conheça os negócios, sem surpresas. Se você sabe quais são seus impactos e os problemas que precisa resolver, você é ágil”, comentou. “O tempo é crítico. Se for um problema de responsabilidade social, precisamos estar trabalhando nisso. Seu objetivo deve ser fazer com que nenhum problema surja e surpreenda você. Fique à frente da curva.”
Para Kimbell, é preciso também que toda a empresa esteja envolvida na causa. “Se toda a empresa não estiver totalmente conectada a ela, isso quer dizer que nós, a equipe de liderança, não fizemos nosso trabalho. E se apenas ouvirmos a nós mesmos, provavelmente não vamos acertar.”
O risco de não fazer nada
Nessa linha, Kendra Clarke observou que, de muitas maneiras, a equipe de liderança pode ter os participantes menos bem informados. “Depois que você se tornar um líder nunca mais saberá como é estar na linha de frente. Podemos fazer estratégias em uma sala, mas não podemos fazer acontecer em uma sala. Portanto, certifique-se de que as pessoas que serão mais afetadas tenham voz”, sugeriu.
Observando que há riscos em assumir questões de responsabilidade social, Wissink perguntou aos debatedores sobre a inação e seus riscos. “Se for um pequeno problema, talvez a inação não seja um problema. Se for um grande problema, o risco de não responder a ele também é enorme. Se o mundo se moveu em uma determinada direção, e você não, você verá uma espécie de erosão lenta do que antes era uma base forte. A ação pode ser um risco, mas também pode cimentar sua conexão com um determinado público”, ponderou Kendra Clarke.
Kimbell complementou: “A inação é o maior risco. Você não pode agir sobre tudo, mas não pode ignorar o mundo enquanto ele muda.”
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