A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu nesta quinta-feira, 12, mais um processo administrativo – o terceiro – para apurar as condutas relacionadas à falha contábil de R$ 20 bilhões reconhecida pela Americanas.
O processo não pode ser visualizado no site da reguladora do mercado de capitais brasileiro, o que significa que corre em sigilo. A autarquia já havia iniciado na quinta, mais cedo, um processo que se refere à análise de informações contábeis. O outro se refere a notícias, fatos relevantes e comunicados.
Os procedimentos podem se transformar em processos sancionadores pela reguladora, de acordo com o desdobramento das investigações.
“Após a investigação e apuração dos atos, fatos e eventos, caso venham a ser formalmente caracterizados ilícitos e/ou infrações, cada um dos responsáveis poderá ser devidamente responsabilizado com o rigor da lei e na extensão que lhe for aplicável, sendo facultado à CVM recorrer também aos convênios e acordos de cooperação com Polícia Federal e Ministério Público Federal”, aponta a autarquia em nota.
Inconsistências contábeis
A Americanas comunicou que foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o de 2022. Em uma análise preliminar, a área contábil da companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022.
Entre as inconsistências, a área contábil da companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a Americanas é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras de 30 de setembro do ano passado.
O agora ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, disse nesta quinta-feira, 12, que o problema que resultou em R$ 20 bilhões em inconsistências no balanço da empresa se arrasta por cerca de 7 a 9 anos. Rial participa de uma reunião fechada com clientes do BTG Pactual.
Ele afirmou também que a companhia vai precisar de capital e que, para isso, os acionistas de referência já foram contactados e eles têm mostrado comprometimento com a varejista. Rial afirmou que a inconsistência no balanço se relaciona a “risco sacado que não era lançado como dívida”.
“Os R$ 20 bilhões são a melhor estimativa do que vimos em 9 dias, não chancelados por auditoria”, acrescentou o executivo.
Segundo ele, essas incongruências na maneira de reportar a “conta fornecedores” não são um problema apenas da Americanas, mas se arrastam desde os anos 90 no setor, por conta de diferentes formas de reportar essa rubrica.
Com informações de Estadão Conteúdo (Juliana Garçon, Talita Nascimento e Altamiro Silva Junior)
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