Conhecida pelo seu sistema de biometria e identidade digital, a paulista Unico atraiu um dos maiores bancos do mundo para ser seu sócio. Oito meses depois de receber aporte de R$ 625 milhões e conquistar o título de “unicórnio”, a startup liderada por Diego Martins arrecadou mais US$ 100 milhões (cerca de R$ 470 milhões) em investimentos liderados pelo Goldman Sachs Asset Management, braço de investimentos do banco americano.
Segundo Martins, as conversas com o Goldman Sachs começaram no fim de 2021, e o foco do diálogo não foi a questão financeira ou o valor de mercado, mas trazer o banco americano para a base de acionistas. “Eles trazem uma força para a nossa expansão, tanto pela experiência e grife no exterior quanto pela profunda diligência que fizeram”, afirma.
Agora, o caminho da Unico será o de expandir os seus negócios para fora do Brasil. Os primeiros países, ainda em 2022, serão México e Colômbia. Segundo Martins, a entrada pode acontecer tanto por meio de aquisições quanto por clientes que a empresa já atende no Brasil – como o Mercado Livre, a companhia aérea Latam e o banco Santander.
A Unico foi criada em 2007 por Martins e Paulo Alencastro com o nome Acesso Digital. De início, a empresa tinha o objetivo de ajudar as empresas a digitalizar seus documentos e a ter acesso a eles na nuvem. Naquela época, vendo a quantidade de fraudes que as empresas sofriam, enxergaram a oportunidade de crescer em identidade digital. Em dezembro de 2020 decidiram mudar de nome para Unico, refletindo esse novo momento.
Apetite
Para o Goldman, trata-se do quarto investimento no mercado brasileiro de startups. Em 2021, investiu na Olist, que oferece sistemas de e-commerce para pequenos negócios, e na fintech de crédito consignado MeuTudo. No ano anterior, fez aporte na fintech Iugu. “O mercado de soluções em identidade e segurança digital é um dos mais promissores globalmente, e a Unico está muito bem posicionada para desenvolver”, afirmou Natan Reinig, vice-presidente de private equity do Goldman Sachs Asset Management.
Além do banco americano, que terá um assento no conselho da Unico, os fundos Softbank e General Atlantic acompanharam o aporte.
Com o investimento, que foi o segundo maior em uma empresa brasileira no ano (atrás apenas dos US$ 300 milhões recebidos pela Neon e empatado com os US$ 100 milhões da Flash Benefícios), o valor de mercado da companhia saltou para US$ 2,6 bilhões (R$ 12,2 bilhões).
Esse montante a coloca como a segunda empresa mais valiosa do segmento na América Latina, atrás da Totvs. Abaixo da startup estão empresas como CI&T (US$ 1,5 bilhão), VTEX (US$ 1,1 bilhão) e Locaweb (US$ 1,1 bilhão).
Diversificação de negócios
A Unico tem passado por algumas mudanças nos últimos meses. Apesar de boa parte da receita estar concentrada em segurança digital, a empresa estreou em novos segmentos. Em dezembro, comprou a startup de benefícios em educação SkillHub, de cursos para clientes corporativos. Antes disso, a empresa tinha adquirido a ViaNuvem e a CredDefense, voltada para o mercado de automóveis.
Martins aponta que as aquisições em áreas complementares devem continuar em 2022. A ideia é ajudar a dar escala a dois produtos recém-lançados pela companhia: o token biométrico e a assinatura eletrônica com biometria.
No ano passado, a receita cresceu 180% e o número de funcionários mais do que triplicou e chegou a 1 mil. A meta é manter o ritmo de alta em 2022.
Com informações de Estadão Conteúdo
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