Seis em cada 10 bares e restaurantes não repassaram os aumentos ao consumidor para manter as vendas. Segundo uma pesquisa feita pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), em março, 32% fizeram reajustes apenas para acompanhar a inflação e 8% disseram ter conseguido aumentar acima do índice geral.
No primeiro trimestre deste ano, a inflação do setor de alimentação fora do lar acumula alta de 1,67%, abaixo do índice geral, de 2,09%. Já na comparação dos últimos 12 meses, o aumento foi de 7,99%, contra 4,65% do IPCA.
O aumento ainda reflete uma recuperação na segunda metade de 2022, após o período de restrições em função da pandemia. O subitem que mais teve aumento foi o lanche (12,34%), enquanto a refeição subiu abaixo da média, com 5,97%. Neste ano, a tendência se acentua, com o lanche subindo 2,72%, contra 1,17% no preço da refeição no primeiro trimestre.
“No ano passado, houve alguma recuperação nos preços no segundo semestre e o fim do ano foi bom em termos de faturamento, mas não o suficiente para que boa parte dos estabelecimentos resolvesse os problemas com dívidas acumuladas e pagamentos em atraso”, afirma presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.
O executivo destaca que, apesar da queda de preços dos alimentos e bebidas, os custos com insumos importantes, como gás encanado, energia elétrica e água, estão acima do índice do setor. “Hoje há quase um terço do setor trabalhando com prejuízo, e a inflação é uma das causas principais, porque os estabelecimentos não conseguem repassar o aumento dos custos de um modo geral”, diz.
Demanda em baixa
Um dos motivos para o não repasse de preços, segundo Solmucci, é baixa demanda do consumidor. “O fato de lanche ter subido quase o dobro do custo da refeição também é um indicativo que o consumidor, com o bolso mais curto, está migrando de refeições completas e mais caras para os lanches, aumentando sua demanda e permitindo preços melhores para este tipo de alimentação”, explica Solmucci.
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