Por Marcos Hirai*
Enquanto seus consumidores ainda não retomaram o poder de compra, se suas vendas encontram-se devagar quase parando e o seu estoque continua alto, talvez uma das iniciativas mais urgentes para o atual momento seja o de reduzir suas despesas.
Renegociar com fornecedores, diminuir equipe, rever todas as despesas e o consumo da sua empresa fazem parte deste processo. Mas você já tentou renegociar o valor do aluguel da sua loja/empresa? Já tentou bater na porta do proprietário do imóvel ou do shopping?
Primeiramente, é importante lembrá-los de que muitos aluguéis foram negociados em um outro momento da economia brasileira. Entre 2009 e 2014 vivemos nossa era de ouro do varejo. Foi uma época de certa euforia, onde a palavra “expandir” era o mantra mais pronunciado pelo varejo e os estudos de viabilidade para novas lojas indicavam um pay back bastante curto. Junto com o varejo e com as franquias, tivemos também o boom imobiliário e dos shopping centers – foram quase 150 inaugurados neste período.
Risco era algo pouco considerado, num momento onde as vendas subiam todos os meses e no frenesi pelos melhores pontos comerciais, muitos contratos foram assinados na base da euforia, considerando a máxima do “vale a pena pagar um pouco mais pelo aluguel deste imóvel, pois as vendas previstas seguram este valor”. Porém, os ventos começaram a mudar na segunda metade de 2014 e a economia desandou de vez em 2015. E agora?
Se o valor do seu aluguel ficou alto demais e você não está em condições de pagar os valores atuais, chegou a hora de tentar renegociar.
Lembre-se: você não perde nada em tentar renegociar. Quem tem a perder é o dono do imóvel, pois depois da negociação ele tem duas coisas a perder, ou ele perde um inquilino ou ele perde uma parte do valor do aluguel que ele sempre te cobrou. A rescisão do contrato de aluguel nunca é boa para nenhuma das partes. Mas lembre-se, se o seu contrato está no inicio ou no meio da vigência da locação, o proprietário será muito mais resistente. Porém, o grande argumento é o momento econômico atual. Ficou difícil para todo mundo e não adianta insistir, pois o inquilino não tem mais condições de pagar. Abrir os números do seu negócio e mostrar o percentual da queda nas vendas talvez seja convincente para sensibilizar o proprietário de um imóvel a diminuir o valor do aluguel.
E o momento é propício, pois este movimento já está ocorrendo em todo o Brasil nas imobiliárias e nas administradoras de shopping centers. Estas últimas por sinal, tem demonstrado um grande esforço para tentar reduzir os valores condominiais pois isto impacta diretamente os custos de um lojista.
Os shopping centers têm se demonstrado bastante participativo e cooperativo com os seus lojistas. Na maioria, a relação com os lojistas tem sido marcada por um ambiente de diálogo entre locatários e locadores, inimagináveis a cerca de dois anos atrás.
*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da GS&BGH Retail Real Estate