“A economia está passando por uma transformação. E a expressão que mais gosto de utilizar para caracterizar esse momento é a ideia de que estamos passando por uma metamorfose da globalização.” A afirmação é de Marcos Troyjo, presidente do Banco do Brics, que participou nesta manhã (13) do Global Retail Show, maior evento de consumo e varejo brasileiro, que começou hoje (13) e vai até sábado que vem, dia 19 de setembro, em ambiente 100% online.
Segundo ele, não é a primeira vez que diversas características estão sendo aceleradas por uma pandemia. “A minha impressão é que muitas dessas características irão continuar com bastante força. E associar essa aceleração com o saber a quantas anda a globalização é fundamental para que tenhamos um caminho de sucesso a diante”, disse.
Troyjo explicou que desde 1989 (com o episódio da queda do Muro de Berlim),até a quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, o mundo viveu uma fase de “globalização profunda”, com o fortalecimento da integração regional, incluindo a criação da União Europeia. Agora, segundo Troyjo, vivemos uma fase de “desglobalização”, com o aumento do protecionismo e das restrições ao fluxo de mercadorias e capitais.
“O mundo está passando por uma mudança de sistema operacional. Até 2008, o mundo funcionava no sistema operacional de globalização profunda. O sistema operacional atual é de risco de desglobalização, onde países adotam políticas comerciais restritivas e questionam a legitimidade de organismos multilaterais”, explicou. Marcos Troyjo disse ainda que ao mencionar a fase de desglobalização não significa que a globalização parou, mas sim que ela perdeu o seu ritmo. “Precisamos entender o sentido de desglobalização igual ao significado de desaceleração”, contou.
Olhando para o futuro, Troyjo também se mostrou otimista com as oportunidades geradas pelo redesenho na economia global. O diplomata apontou que o chamado E7, o grupo das sete principais economias emergentes do mundo (China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México e Turquia), já tem um PIB combinado de 53 trilhões de dólares em PPP (poder de paridade de compra), montante superior aos 40 trilhões de dólares de PIB somado do G7, o grupo das sete nações mais ricas do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). “Somos testemunhas de um eclipse espetacular que está acontecendo na economia global”, disse Troyjo. “Essa é uma dinâmica que vai continuar e que vai ter um gigantesco impacto sobre o comércio global, inclusive para o Brasil.”
“Existem muitas oportunidades para as empresas brasileiras e para o Brasil. Se nos fizermos as nossas reformas internas, continuarmos com uma maior inserção internacional e buscarmos parcerias estratégicas, o cenário pode ser bastante favorável”, concluiu.
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