Por Rodrigo Anunciato*
Os jovens brasileiros de hoje nasceram e cresceram em uma época próspera, com estabilidade econômica. Porém, agora, ao chegarem ao mercado de trabalho, sentem os efeitos da atual recessão.
Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (DIEESE), quase um quinto da população jovem brasileira de 18 a 24 anos está desempregada.
Ao desconsiderarmos os jovens de 14 a 17 anos que procuram por uma oportunidade de estágio ou de atuação como menor aprendiz, esta é a faixa etária em que o índice de desocupação é mais alto.
Uma pesquisa recente do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), mostrou que no último ano os jovens reduziram despesas com lazer (28%), roupas (18%), alimentação (4%) e transportes (3%), devido ao momento econômico nacional.
Ainda segundo o DIEESE, houve um ingresso progressivo dos jovens no mercado de trabalho nos últimos dez anos, frente aos anos 90, quando os jovens enfrentavam gravemente o requisito da falta de experiência, que os impedia de acessar o mercado de trabalho.
Mas, o que isso pode significar?
Essa nova geração tende a enfrentar problemas muitas vezes semelhantes aos dos profissionais que chegaram ao mercado de trabalho no início da década da globalização.
Assim, é preciso entender que para se colocar no mercado de trabalho neste e nos próximos anos, a palavra de ordem é movimento, ou seja, ações de aprimoramento com foco profissional são mais que diferenciais, são indispensáveis.
Em contrapartida, o que as empresas buscam e qual a razão para o aumento do desemprego entre os jovens?
De modo geral, a força de trabalho dos jovens é muitas vezes vista pelas organizações de forma complementar.
Por estes profissionais terem acumulado menos experiência profissional, bem como menor tempo de atuação, muitas vezes tornam-se alvos fáceis para um remanejamento, uma vez que as empresas procuram manter os mais experientes em seus quadros, visando uma rápida retomada da produtividade em momentos de crise como a que o País enfrenta atualmente.
Assim, mais uma vez é preciso que o jovem profissional esteja alerta não apenas quanto a sua formação acadêmica, mas principalmente sobre os passos que planeja para sua carreira.
Cursos abertos, por exemplo, são uma ótima forma de ampliar a rede de relacionamentos e ainda obter conhecimentos que podem servir como fatores de diferenciação no momento de uma entrevista, bem como atividades de voluntariado ou mesmo estágios não remunerados.
Por outro lado, o que as organizações também precisam entender definitivamente, é que não se obtém mão de obra qualificada sem nenhum investimento.
Ao considerarmos que o cenário do ensino no País requer cada vez mais atenção, pois ainda busca formar indivíduos funcionais e não necessariamente críticos e pensantes, cabe muitas vezes as próprias empresas moldarem, ou mesmo complementarem a formação acadêmica de seus colaboradores, seja em momentos de contratação, tais como nos programas de capacitação inicial, ou mesmo em ações de reciclagem ou aprimoramento.
Assim, fica claro que o encontro ideal envolve jovens profissionais que estejam em movimento, que busquem formas criativas e eficientes de se manterem atualizados e empresas que compreendam que no atual momento brasileiro, ainda vale investir na formação de jovens profissionais e moldá-los não apenas ao modelo, mas também à cultura da organização.
Pense nisso!
*Rodrigo Anunciato (rodrigo.anunciato@gsmd.com.br) é gerente de Soluções e Projetos da GS&MD – Gouvêa de Souza