A família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, retirou a oferta pública voluntária para aquisição (OPA) da Mobly, informou a empresa, em documento divulgado ao mercado. Com isso, a disputa pelo controle do grupo de móveis e decorações pode ter chegado ao fim – apesar de os Dubrule dizerem na carta de retirada da oferta que buscarão agora trocar a atual gestão da companhia.
No início de março, a Regain Participações (de Ghislaine e Regis Dubrule) e Paul Marie Dubrule haviam oferecido R$ 0,68 por ação da companhia para fazer a OPA, valor 51% abaixo dos papéis da Mobly (que mudou recentemente seu nome para Toky) no dia anterior à oferta. Dependendo da adesão dos acionistas, o capital da empresa poderia ou não ser fechado.
A Toky rejeitou a proposta desde o início e passou a se articular para que os demais acionistas também a recusassem. Recentemente, os gestores da empresa conseguiram se organizar para manter uma cláusula estatutária cuja retirada seria essencial à oferta feita pelos Dubrule. Ela era uma das condicionantes do negócio. As outras eram a aquisição de pelo menos 51% dos papéis e a aprovação da transação pelos credores.
A previsão era que o negócio fosse fechado em 15 de maio. Sem alternativa para concretizar a proposta que fizeram, os Dubrule retiraram-na da mesa.
“Tendo em vista o valor exorbitante que os ofertantes (a família Dubrule) teriam de pagar aos acionistas (…) foi tomada a decisão de revogar a oferta”, escrevem os Dubrule, na carta enviada à Toky.
“Os ofertantes ressaltam que, embora as medidas temerárias adotadas pelos administradores da Mobly visando a assegurar a frustração da oferta tenham atingido os fins por eles pretendidos, esse comportamento reforçou para os ofertantes a necessidade de buscarem alternativas para assegurar (i) a viabilização da continuidade operacional da companhia, e (ii) a substituição imediata da atual administração da companhia, sob pena de a Mobly caminhar para situação de irremediável insolvência – pelo que poderão responder pessoalmente, perante acionistas e credores, os administradores que conduziram campanha inescrupulosa contra a oferta.”
A briga vem de longa data. A família vendeu 60% da Tok&Stok para o fundo Carlyle por R$ 700 milhões, em 2012. Com grandes expectativas de crescimento, o negócio não deu certo – e o Carlyle (agora nas mãos da gestora SPX) vendeu sua participação para a Mobly no ano passado, condicionada a um acordo com credores.
Com isso, foi criado o maior grupo de decorações da América Latina, com faturamento bruto estimado em R$ 1,6 bilhão. Os Dubrule, porém, que pouco antes haviam voltado a comandar o negócio, foram contrários à transação. Diziam que a Mobly apenas queimava caixa e a Tok&Stok perderia sua assinatura de decoração com design e exclusividade.
Apesar de a receita líquida da Toky ter melhorado no ano passado, fechando em R$ 811 milhões, com alta de 49,7% em relação ao ano anterior, a empresa teve prejuízo de R$ 169 milhões (quase o dobro de 2023). As ações da empresa estão cotadas em R$ 0,98, com queda de 37,58% no ano.
Com informações de Estadão Conteúdo (Cristiane Barbieri)
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