Por Artur Motta*
Lowsumerism é um movimento que prega o consumo mais reduzido, mais consciente e que está alterando modelos de negócio conforme descrevo na sequência.
Primeiro, devemos realizar que grande parte dos negócios está baseado no consumismo e tem seus resultados atrelados a esse paradigma. Desenvolvemos produtos que incitam novas necessidades, o conceito de moda instiga a obrigação de renovar o guarda-roupa, ações de marketing explicitam a utilidade de novos bens e o crédito facilita a aquisição. Por fim, compramos!
Lowsumerism defende que iremos continuar comprando, mas sendo mais conscientes, reduzindo o impulso e o excesso. São três pilares fundamentais: pensar antes de comprar, buscar alternativas de menor impacto para os recursos naturais (consertar, trocar e transformar), viver com o que é realmente necessário.
Uma das evidências do lowsumerism são negócios em que a posse substitui a propriedade. Em Amsterdam um grupo de quatro amigas criou a Lena, uma “biblioteca fashion”, onde por meio do pagamento de uma mensalidade se pode pegar emprestado peças de roupas por um determinado tempo. Ao final do período, simplesmente se devolve a roupa e pega outra. Uma forma de se manter na moda, ter sempre uma novidade no armário e reduzir o impulso do consumismo.
No Brasil, vivenciamos o surgimento de feiras de trocas e negócios alinhados com o pensamento do consumo consciente. Um bom exemplo é o Tem Açúcar, uma plataforma que incentiva trocas não monetárias entre vizinhos.
Podemos considerar que o lowsumerism agrega conceitos como capitalismo consciente, sustentabilidade e economia compartilhada. Esse pensamento é explícito entre os Milennials que buscam um estilo de vida mais focado em proposito e menos focado em acúmulo de capital. O lowsumerism responde com o surgimento de negócios baseados em upcycling.
Upcycling expande o conceito de reciclagem. É reutilizar produtos descartáveis, ampliando sua condição e criando de valor adicional, com o mínimo impacto no ambiente. Entram nesse grupo a Edelplast, marca do designer Billie Van Nieuwenhuyzen, que desenvolve joias com cabos de eletrônicos reciclados; ou a Comas, marca brasileira que produz moda a partir de camisas com defeito.
O lowsumerism tem, porém, o poder de transformar modelos de negócios já consolidados. Os supermercados “lixo zero” onde os produtos são comercializados sem embalagens podem ser utilizados como exemplo. Outro exemplo é a WayCap, desenvolvido por italianos através de crowdfunding, é uma capsula recarregável para maquinas de café que utiliza o insumo vendido a granel e, após o uso, permite utilizar a borra de café como adubo.
Grandes organizações estão se adaptando a essa nova realidade. Algumas fabricantes de lâmpadas, após desenvolverem lâmpadas LED que duram 25 vezes mais que a incandescente comum, migraram seu modelo de negócios para serviços, vendendo a gestão da iluminação que resulta em consumo apenas quando necessário, mais econômico e por meio de energias renováveis. Aderente com o pensamento lowsumerism!
Como era de se esperar, o Google também está atento a essa tendência. O Projeto Ara consiste em criar um smartphone modular onde o usuário poderá atualizar o gadget conforme suas necessidades e avanços tecnológicos. Menos custo, menos impacto ambiental e mais lowsumerism!
É, o lowsumerism está mais presente do que você imagina. Bons negócios!
Se você desejar receber mais material sobre o assunto mande um mail para artur.motta@gsagr.com.br.
*Artur Motta é head Comercial da GS&AGR Consultores.