O crescimento do hábito de levar marmita para o trabalho não é uma simples questão de conveniência. Ele revela muito sobre como os brasileiros estão repensando as escolhas alimentares, financeiras e logísticas. Segundo a Food Consulting, entre 80% e 90% da população acima de 16 anos consome essas refeições regularmente.
Esse número robusto não é à toa. Mas o que, afinal, leva tantas pessoas a aderirem a essa prática? Em tempos de crise econômica e preocupação com a saúde, as marmitas tornaram-se uma resposta prática e eficaz para atender à complexidade da vida moderna.
Um exemplo claro disso é justamente a época em que vivemos, na qual se fala muito sobre alimentação saudável. A aposta nesse tipo de refeição surge como uma forma de retomar o controle sobre o que se ingere diariamente. Ao preparar marmitas, o consumidor tem a chance de escolher ingredientes frescos e balancear as porções de acordo com necessidades específicas. Não por acaso, conforme o mesmo levantamento, 55% das pessoas afirmam que esse tipo de refeição as ajuda a manter uma dieta saudável.
Para aqueles que ainda duvidam, basta observar que 60% dos latino-americanos estão mais atentos aos ingredientes que compõem a alimentação, e 41% leem os valores nutricionais nas embalagens dos produtos. O consumidor está mais atento ao que consome, e a marmita se encaixa perfeitamente nesse contexto de autocuidado e de busca por bem-estar.
Uma tendência que veio para ficar
O fator econômico também é, sem dúvida, um dos motores dessa prática. Com os altos preços nos restaurantes e a dificuldade de unir saudabilidade e custo-benefício, as refeições prontas surgem como uma alternativa lógica. Segundo a pesquisa da Food Consulting, 52% dos entrevistados enxergam essa prática como uma maneira de equilibrar o orçamento. Ao levar a própria comida, o consumidor evita os gastos inflacionados do mercado de foodservice e ainda ganha a flexibilidade de escolher o que realmente deseja comer.
A marmita, então, vai além de uma simples questão de conveniência. É uma alternativa ao aumento do custo de vida e uma escolha que não compromete a qualidade da alimentação. Com o ato de “marmitar”, o consumidor está, de certa forma, retomando o poder sobre as próprias finanças e investindo em uma solução sustentável para o planeta e para o orçamento.
A praticidade oferecida, por fim, é outra vantagem que vai diretamente ao encontro do ritmo frenético da vida moderna. Afinal, quem tem tempo para preparar uma refeição no meio do expediente? Além disso, as marmitas garantem uma refeição saborosa, com gosto de comida de verdade, nutritiva e à disposição a qualquer hora e em qualquer lugar. De acordo com o estudo, para 80% dos brasileiros, essa prática é uma solução que facilita o cotidiano.
Diante desse cenário, é possível observar que as mudanças no comportamento alimentar refletem a transformação do perfil de consumo como um todo. O consumidor da atualidade, conhecido como “5.0”, deseja resolver tudo com praticidade, agilidade e qualidade. Ele busca, ainda, experiências personalizadas, como opções de alimentação adaptadas às suas necessidades específicas e marcas que compartilham das mesmas preocupações.
Por isso, o hábito de consumir refeições prontas, variadas e equilibradas está longe de ser passageiro. Muito pelo contrário, tudo aponta para um crescimento contínuo nos próximos anos, à medida que mais pessoas enxergam nessa prática não apenas o ato isolado de se alimentar, mas uma forma eficiente de equilibrar saúde, conveniência, economia e experiência do cliente.
Victor Santos é CEO e cofundador da Liv Up.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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