A preocupação com a saúde mental já era grande mesmo antes de o novo coronavírus se espalhar pelo Planeta. Mas não existem dúvidas de que a pandemia potencializou a angústia de quem já vivia com estresse, depressão ou ansiedade. No caso dos trabalhadores do varejo, a situação foi ainda mais complicada. Além de lidar com o medo de perder o emprego, no primeiro momento de fechamento comércio, e com o receio da contaminação, a partir da reabertura, eles tiveram de aprender a tomar novas medidas de higiene e segurança.
A saúde mental foi um dos temas desta quinta-feira (14) do Retail’s Big Show, maior evento de varejo do mundo promovido pela National Retail Federation. O evento tem cobertura completa da Mercado&Consumo. O debate contou com a participação de Lorna Borenstein, CEO da Grokker Inc., uma empresa que soluções de bem-estar sob demanda para trabalhadores, e Dave Zielinski, diretor de desenvolvimento de negócios da Headspace, uma companhia especializada em meditação.
Lorna Borenstein compartilhou dados de fontes diversas sobre trabalhadores do varejo. Segundo as pesquisas apresentadas por ela, 54% dos empregados do setor disseram que o trabalho impactou negativamente sua saúde mental durante da pandemia e 70% afirmaram que este é o período mais estressante de suas carreiras.
Além disso, 88% das empresas afirmaram que vão fornecer suporte para seus funcionários manterem a saúde mental em 2021, seja por meio da disponibilização de aplicativos, seja por meio de vídeos. A escolha parece acertada, porque outra pesquisa mostrou que 68% das pessoas preferem interagir com um robô ou app no lugar de um ser humano na hora de buscar esse tipo de ajuda.
“Quando olhamos para o varejo em particular, 80% dos funcionários que não recebem benefícios das empresas são os mais estressados e se sentem vivendo em uma montanha russa. Além disso, os mais jovens, de 18 a 29 anos, estão mais estressados do que os mais velhos”, afirmou Lorna Borenstein.
Ela destaca que o estresse impactou vários aspectos da vida dos trabalhadores do varejo. Eles passaram a se alimentar de comida menos saudável, diminuíram a frequência com que faziam atividades físicas e aumentaram o uso de álcool, por exemplo. “Não se pode tratar de depressão, ansiedade e estresse como situações isoladas.”
Dave Zielinski concordou. “O burnout [esgotamento profissional] é real. Os trabalhadores do varejo ficaram muito estressados e precisaram lidar com questões de higiene e de segurança”, disse. E o que ajudou muita gente nessa época, assim como em diversas outras áreas, foi a tecnologia. Os serviços oferecidos pela Grokker e pela Headspace passaram a ser mais procurados pelas empresas. “A Covid-19 acelerou a adoção do cuidado com saúde pelo meio digital. As pessoas procuram ferramentas boas e efetivas”, disse o executivo.
Para os trabalhadores, os apps e os vídeos são vistos de forma positiva porque são oferecidos sob demanda e podem ser acessados onde e quando as pessoas quiserem. Também são mais baratos do que uma consulta com um especialista, o que faz diferença, sobretudo, para quem não tem plano de saúde. E o retorno de quem tem usado a tecnologia para cuidar da saúde mental sem sido muito bom, segundo Zielinski. “As pessoas nos relatam que, após uma sessão de meditação, já percebem uma melhora, já dormem por mais tempo e com mais qualidade” conta.
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