A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) aceitou denúncia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) contra PagBank (ex-PagSeguro), Mercado Pago, Stone e PicPay, e emitiu uma medida cautelar contra essas empresas. A Senacon determinou que elas suspendam a oferta do que a Febraban classifica como “parcelado sem juros pirata.”
De acordo com a Febraban, as quatro empresas cobram juros dos consumidores de forma dissimulada em alguns de seus produtos. PagBank, Stone e Mercado Pago permitiriam que os estabelecimentos repassem ao consumidor os custos adicionais da maquininha pelo chamado parcelado comprador.
Por meio dele, segundo a denúncia, os consumidores pagam os juros, mas a maquininha insere a transação no sistema da bandeira de cartão como se fosse um parcelado sem juros. Os juros seriam de até 2,99% ao mês, ainda segundo a Febraban.
Já Mercado Pago e PicPay foram denunciadas pela Febraban por supostamente cobrarem juros dos consumidores, em diferentes produtos, em transações parceladas, que também seriam inseridas nos sistemas das bandeiras como parcelados sem juros.
Nos dois casos, a entidade argumenta que essas empresas se apropriam dos juros sem incorrer no risco de crédito, que ficaria com os bancos. Estes, por sua vez, não estariam sendo remunerados, dado que as transações são cadastradas como parcelado sem juros.
Além da suspensão das ofertas dos produtos, a Senacon determinou que essas empresas apresentem, em até dez dias a partir do conhecimento sobre a decisão, um relatório de transparência que detalhe as medidas adotadas para cumprir a cautelar. Além disso, ordenou que as companhias deixem claro ao consumidor as informações relativas às operações.
Nos três casos, a secretaria estabeleceu uma multa de R$ 5.000 pelo descumprimento das determinações. Entretanto, a suspensão e o esclarecimento aos clientes passam a valer apenas após a apresentação do relatório e sua avaliação pela autarquia.
Procurado, o PicPay não se manifestou. PagBank, Mercado Pago e Stone ainda não se manifestaram.
A denúncia da Febraban foi feita no ano passado, em meio à disputa pública entre a entidade, as maquininhas independentes e fintechs sobre as mudanças no crédito rotativo. Os bancos demandavam que houvesse uma restrição ao parcelado sem juros, argumentando que o produto é subsidiado pelos juros do rotativo. Os demais agentes da indústria afirmavam que não havia relação entre os produtos, e que os bancos tentavam implementar uma agenda anticompetitiva.
Ao regulamentar o teto de juros do rotativo, de 100% do valor original da dívida, o Conselho Monetário Nacional (CMN) não mudou o parcelado. Entretanto, o tema deve ser discutido ainda este ano, possivelmente em uma consulta pública do Banco Central.
Com informações de Estadão Conteúdo (Matheus Piovesana)
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