A NRF 2024 contou com uma gama de soluções de hardware, software e serviços para toda a cadeia de suprimentos. Foram apresentadas soluções para a área financeira, bancária, atendimento ao cliente, RH, marketing e comunicação, segurança e prevenção de perdas, bem como a destacada Inteligência Artificial.
Muito tem se falado sobre IA, mas é necessário entender que se trata de um conjunto de soluções e técnicas que possibilitam aos computadores “imitarem” a inteligência humana, utilizando árvores de decisão, aprendizado de máquina (machine learning) e muita lógica. E para que a Inteligência Artificial funcione é importante que a coleta e análise dos dados sejam efetuadas de forma adequada.
O aprendizado de máquina é o contribuinte da IA, que utiliza algoritmos e diversas técnicas de estatística para “ensinar” as máquinas a otimizarem as tarefas. Engloba a ciência de dados, área interdisciplinar que engloba a ciência da computação, estatística, método científico e algoritmos otimizados para a análise de dados, visando a descoberta de insights que suportam a tomada de decisão.
Muito falado na NRF 2024, o AIDC (Automatic Identification & Data Capture) será um grande aliado no varejo, com a captura e identificação automática de dados. Com ele, é possível identificar e rastrear objetos, animais, documentos, veículos, bagagens, transportes, medicamentos, comidas, pessoas e produtos em geral.
A captura dos dados também pode ser realizada por meio de sensores, código de barras, QRCodes, trilhas magnéticas, biometria (face, mãos, íris, impressão digital, voz etc.); bem como pela RFID (Identificação por Radio Frequência), visão computacional, OCR (reconhecimento óptico de caracteres), geolocalização, entre outros.
Estes dados podem vir acompanhados por informações secundárias importantes, como horário, data, localização interna e externa, operador, além de velocidade, peso, temperatura, volume e seus respectivos status, como ligado-desligado, aberto-fechado, detector de movimento de fumaça, de sinal, ou outro tipo de mensuração.
A este conjunto de tecnologias dá-se o nome de IoT, também conhecido como Internet of Things ou Internet das Coisas, que, em conjunto com a Inteligência Artificial, pode transformar os negócios por meio da agilização de processos e da análise dos dados.
Várias soluções integrando a IA e a AIDC podem ser amplamente aplicadas ao varejo. Entre elas, inventário em tempo real, análise automática de planograma, logística, quebra, ressuprimento, recebimento, expedição, vendas, entre outras.
A NRF demonstrou várias soluções para PDV, incluindo carrinhos e self-checkout equipados com câmeras que agilizam a captura de dados dos produtos que estão sendo comprados. Uma grande vedete foram as lojas autônomas. Os fabricantes demonstraram o quanto os sensores, a visão computacional e as diversas ferramentas de AIDC, aplicadas em conjunto com as técnicas de IA, podem transformar a experiência dos consumidores.
Foodservice
Um novo pavilhão apresentou as soluções para o foodservice, que demonstrou na prática a utilização de todas essas ferramentas, juntamente com a robótica. Um dos destaques foi a importação do autosserviço, colocando à disposição dos visitantes a degustação de pizza, hambúgueres, cookies, refrigerantes e outras comidas, via uso de quiosques de autoatendimento, em que o cliente pode selecionar o que deseja. O pedido é disparado para o preparo e armazenado em lockers que garantiam que o produto estava quentinho para ser consumido.
Parte dos pratos era preparada por robôs, que não faltaram na feira. Havia robôs para logística de última milha, para servir, para fritar produtos, para carregar paletes, caixas e até para subir em prateleiras e auxiliar na logística.
No setor de foodservice também foram apresentadas soluções com visão computacional, que garantiam a conformidade e a qualidade de produtos produzidos; bem como dispositivos de IoT, que mediam consumo de água, energia, temperatura, qualidade dos alimentos e quantidade de bactérias. Enfim, sensores para otimizar quase tudo!
Isto sem contar uma área repleta de vending machine, que ia das mais simples até as que produziam e comercializavam cachorro-quente.
A preocupação com o meio ambiente ficou evidente dentro e fora da NRF. Era nítida a preocupação com sacolas, copos e talheres plásticos e canudos. Muitos destes itens foram substituídos por papel ou produtos recicláveis.
Neste ano, a NRF colocou coletores de resíduos com separação por tipo e uma das vendings machines coletava garrafas pets e as triturava. Em troca, os consumidores recebiam cupons de descontos para as próximas compras.
Enfim, foi muito prazeroso participar pela 28ª vez consecutiva de um evento tão importante, que permite aos varejistas dos mais diferentes segmentos, setor e portes, beberem da fonte e conhecerem as principais tendências que impactarão os negócios no curto, médio e longo prazos.
Como a “avó” da RFID no Brasil, não poderia deixar de destacar a minha profunda alegria em ver a adoção em massa dessa tecnologia na maioria das lojas. Parecia um sonho ver as tags em calcinhas, perfumarias, roupas, cama, mesa e banho, acessórios, joias e até em pé de alface e muffin. Foi, realmente, um presente.
Tenho certeza de que no Brasil o caminho será o mesmo, ou seja, os varejistas passarão a ver o valor da tecnologia, e não apenas o preço. Em 2011, quando conclui meu doutorado, minha tese foi sobre a aplicação e o impacto do AIDC no varejo. Uma década depois, vejo que a sua aplicação é imprescindível para a agilização dos processos, a redução dos custos e o aumento dos lucros, que podem ser ainda mais otimizados com o suporte da Inteligência Artificial.
Neste ano, completo 40 anos na área de tecnologia da informação e comunicação. Gostaria de expressar a minha gratidão a Deus por ter me permitido vivenciar essa transformação digital e entender a importância da ética e da sabedoria no uso dos dados, que são transformados em informações, que são transformadas em conhecimento que são aplicados para o benefício da humanidade.
Regiane Relva Romano é diretora de Inovação Vip-Systems.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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