As perdas diretas impostas ao comércio pela crise chegaram a R$ 124,7 bilhões entre 15 de março e 2 de maio. Com isso, o faturamento do varejo encolheu 56% em relação a igual período imediatamente anterior, disse a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a entidade, a crise pode eliminar cerca de 2,4 milhões de postos formais no varejo em três meses.
O economista da CNC responsável pelo levantamento, Fábio Bentes, diz que, em qualquer cenário, o início da retomada no setor só deve ocorrer em 2021 porque o desempenho nos próximos trimestres de 2020 serão comprometidos pelos efeitos da pandemia, mesmo que a doença seja superada.
Bentes diz não ser possível fazer estimativas precisas para o desempenho do varejo no ano. Primeiro porque a curva de infecção ainda cresce de forma consistente. Depois porque está difícil dimensionar os efeitos mais imediatos para o mercado de trabalho.
“Há um apagão estatístico no Caged [pesquisa do emprego formal], que são fundamentais para estimativa de comércio. Temos relatos de demissão e redução de renda sem precedentes, mas não há estatísticas confiáveis.” No fim de 2019, o governo federal anunciou mudanças na base de dados do mercado formal, com a introdução do eSocial, sistema eletrônico de informações a ser preenchido pelo empregador. Com as paralisações, entretanto, a entrega dos dados também foi comprometida.
As perdas do varejo chegaram a R$ 23 bilhões na segunda semana após o início da pandemia, mas têm diminuído gradativamente. Na última semana pesquisada, o prejuízo foi de R$ 18 bilhões.
Para Bentes, a intensificação de estratégias alternativas, como e-commerce, m-commerce, vendas por aplicativos de redes sociais, serviços de delivery e drive-thru, contribuiu para frear as perdas. Mas outro fator que pode ter contribuído para o resultado é a menor adesão ao isolamento social. “No longo prazo, isso deve atrapalhar muito, porque prolonga a agonia causada pela crise no setor. Se isolamento social e fechamento do comércio relaxam, você retarda muito o início da retomada.”
Com informações do jornal Valor Econômico.
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