A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou um avanço de 1,3% em fevereiro, descontados os efeitos sazonais, e atingiu seu maior nível, de 95,7 pontos, desde o início da pandemia de covid-19. A maior intenção de consumo é das famílias de menor renda. Embora o índice para esse grupo ainda esteja abaixo dos 100 pontos, na zona negativa (93,1 pontos), o nível é o maior desde março de 2020.
O índice é apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2011.
O indicador que mede a perspectiva de consumo se destacou com o maior crescimento mensal, de 3,5%, repetindo a dinâmica de janeiro deste ano. Na variação anual da ICF, houve crescimento de 23,3%.
“Isso aponta que os consumidores em geral esperam condições de consumo melhores nos próximos meses, reflexo da inflação mais controlada que no período anterior, o que acaba gerando maior satisfação em relação à própria renda”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
No caso dos consumidores de rendas média e baixa, eles acreditam que as condições de consumo vão melhorar ao longo do primeiro semestre e estão confiantes de que a inflação seguirá moderada. Por outro lado, o indicador de acesso ao crédito caiu 0,5%, chegando aos 85,5 pontos – essa foi a primeira queda desde janeiro de 2022.
“A alta dos juros e o avanço da inadimplência encarecem e reduzem a oferta de recursos pelas instituições financeiras”, aponta a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.
Consumidores satisfeitos com a renda
A ICF deste mês mostrou que, para quase 35% dos consumidores, a renda atual está melhor do que em fevereiro de 2022, quando apenas 21,7% das famílias tinham essa avaliação positiva. Para 40,8%, a renda está igual à recebida no ano passado e, para 23,9%, os vencimentos pioraram.
A inflação geral mais contida tem beneficiado a renda disponível, mesmo com o maior endividamento dos consumidores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) anual, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 5,77% em janeiro, enquanto em igual período de 2022 o índice havia registrado alta de 10,5%.
A intenção de consumo entre as famílias de maior renda se manteve estável entre janeiro e fevereiro deste ano, o que demonstra mais cautela entre os consumidores desse grupo, analisa Izis Ferreira.
“Eles estão menos satisfeitos com o emprego e com o nível de consumo atual, pois estão pagando mais caro pelos serviços em geral”, destaca. Além disso, segundo a economista, eles também estão descontentes com a perspectiva profissional e com o acesso ao crédito, que está mais caro e seleto também para esses consumidores.
No recorte por gênero, a intenção de consumo das mulheres avançou mais em fevereiro (2,7%) do que entre os homens (1,2%) e a satisfação com o nível de consumo e a expectativa de consumir mais nos próximos três meses cresceu mais entre o público feminino. O público masculino está menos satisfeito com o emprego e com as compras a prazo. Na variação anual, houve alta de 26% na intenção de consumo das mulheres e 23,1% na dos homens.
Na separação por faixa etária, a intenção de consumo das pessoas com mais de 35 anos cresceu mais no mês (2,3%) e no ano (25,4%) do que entre os mais jovens, mas ainda está no campo da insatisfação, com 90,4 pontos em fevereiro. O indicador para os mais jovens atingiu 101,3 pontos neste mês, com variação mensal de 1,3% e anual de 21,6%.
“A avaliação dos consumidores com mais idade sobre a renda atual é melhor do que a dos mais novos. Por outro lado, são os consumidores com mais idade que apontam maior dificuldade de acesso ao crédito”, conclui Izis Ferreira.
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