Estar mais perto do consumidor – essa é a atual missão das redes varejistas brasileiras. E-commerce, lojas laboratórios, clique e retire, entrega expressa – vale tudo para ganhar a preferência do cliente.
Mostrar ao consumidor o que se tem de melhor dentro de um ambiente que estimule os sentidos foi a estratégia adotada pela Tramontina, que além de panelas, produz ferramentas, materiais elétricos, cozinhas profissionais, eletrodomésticos e utensílios e equipamentos para cozinha.
Depois de uma longa tradição exclusivamente industrial, em 2013, a marca deu início a seu processo de expansão e renovação, quando abriu as portas de sua primeira loja própria e logo em seguida passou a operar também no e-commerce. Suas vendas líquidas atingem R$ 1,03 bilhão anuais.
Tudo começou em 1911, como uma pequena ferraria em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul. Hoje já são dez unidades fabris, oito mil funcionários, 18 mil itens no portfólio, 16 unidades internacionais e presença em 120 países.
Durante a recente Retail Conference, promovida pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Clóvis Tramontina, presidente e neto do fundador da Tramontina, contou como a empresa resistiu aos altos e baixos da economia brasileira seguindo os desejos do consumidor.
Isso inclui uma agressiva transformação digital, investimento em inovação, a adoção do posicionamento premium e sua a entrada no varejo com um modelo de loja ambicioso.
Seguindo os moldes de grandes varejistas como Etna e Leroy Merlin, o primeiro ponto de vendas da marca, uma espécie de loja de fábrica, na cidade onde tudo começou há 107 anos, colocou a venda mais de dez mil itens e fez do endereço um ponto turístico.
“Queríamos mostrar literalmente tudo o que produzíamos e que muitas lojas não mostravam. Muitos clientes nos associavam somente às panelas”, disse o empresário.
O próximo passo foi inaugurar algo semelhante no Rio de Janeiro, exatamente o que vem sendo reproduzido nas últimas lojas que foram inauguradas, como a de Campinas, no interior de São Paulo e Farroupilha, no Sul.
As unidades ocupam grandes espaços, que já na fachada tentam reproduzir a extensão das unidades fabris, com a utilização de chapas de alumínio de alto brilho – uma alusão às panelas em aço inox da marca.
No interior da loja, os produtos são agrupados em áreas, de acordo com os segmentos de atuação da marca, como mobiliar, servir e reparar. As unidades também oferecem serviços, como a gravação de facas.
De acordo com a empresa, o grande objetivo dessas lojas é promover o aumento de percepção do portfólio de produtos e soluções da marca, que dividido em ‘mundos’ dá às pessoas uma compreensão de ordem dos produtos e de sua utilidade.
No interior das lojas, a jornada do consumidor é guiada por meio de um diretório de produtos que representam os mundos. Há por exemplo, uma mesa de boas-vindas que mostra os lançamentos e algumas ofertas.
“A ideia é que o cliente esqueça o tempo, se divirta em meio a tantos produtos e soluções, como se fosse a Disney dos cozinheiros”, disse.
Para essa renovação, foram conduzidas pesquisas sobre comportamento e percepção do consumidor, tendências de mercado e sobre a marca Tramontina, seus produtos e serviços.
O empresário diz ser persistente em buscar o preço certo para os seus produtos, e nesse sentido, mais uma vez a loja conceito é uma boa aliada. É importante apresentar produtos com qualidade dentro de um contexto que os valorize, na visão do empresário.
Com cerca de 600 robôs na produção, há tecnologia envolvida no desenvolvimento de tudo o que é produzido no conjunto de fábricas – tudo coordenado por especialistas em gerenciamento de sistemas industriais.
Entre os exemplos citados pelo executivo estão a redução do desperdício de embalagens, aprimoramento do processo de armazenamento e recebimento de materiais, automação na linha de produção, além de estudos para redução de regulagem de máquinas e aumento da produtividade nas etapas de montagem.
Enquanto investe na automação da fábrica, a Tramontina capacita seus funcionários para novas funções. “Técnicos especializados e equipamentos precisos garantem a qualidade, segurança e funcionalidade de cada produto comercializado, e isso sustenta uma marca”, afirmou Clóvis.
Outra tentativa de encontrar mais mercados foi a criação de uma linha de utilidades domésticas de plástico, batizada de MixColor. A intenção é utilizar a marca para se aproximar cada vez mais do público jovem, que deseja ter produtos com uma pegada mais moderna, preços mais acessíveis e de boa qualidade.
Atualmente, o maior investimento da empresa concentra-se na nova fábrica de porcelana, em Pernambuco, que deve começar a operar em 2021. A estreia da marca nesse segmento, segundo Tramontina, tem tudo a ver com a complementação que a linha traz para a categoria de utilidades domésticas.
Fonte: Diário do Comércio
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