Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação no Brasil, registrou aumento de 0,16%, com destaque para os grupos de alimentação e bebidas, que apresentaram alta de 0,5%.
Crescimento significativo, sobretudo no preço das frutas, com 3,7%. No entanto, o setor de restaurantes e bares, parte integrante do subgrupo de alimentação fora do domicílio, viu uma inflação de 0,35% em março, mais que o dobro da média geral. O número representa o 28º mês consecutivo de alta no segmento, indicando uma tendência persistente há quase dois anos e meio, com impacto direto aos consumidores.
Os preços aumentaram em 15 das 16 regiões pesquisadas, com exceção de São Paulo, que registrou estabilidade. Porém, todos os produtos oferecidos em restaurantes e bares tiveram aumento em março. São eles: vinho (2,2%), café (2,07%), doces (2,0%), cerveja (1,05%), refrigerante e água mineral (1,03%), outras bebidas alcoólicas (0,72%), lanche (0,66%), sorvete (0,21%) e refeição (0,09%).
Apesar do cenário desafiador para os consumidores, os dados mostram que o primeiro trimestre registrou aumento de 1,09% no custo da alimentação fora do lar, abaixo da inflação média geral do país, que foi de 1,42%. Em fevereiro, a receita dos serviços de alimentação, principalmente de restaurantes e bares, cresceu 7% no Brasil, já descontada a inflação, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse foi o quarto mês consecutivo de crescimento, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O setor segue enfrentando obstáculos em meio à inflação, mas vemos que os dados também refletem um cenário de crescimento, o que indica uma grande demanda por serviços de alimentação, além de uma adaptação por parte dos empreendedores”, ressalta Fernando Blower, diretor-executivo da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR).
Outros setores também apresentaram aumento na receita de serviços em fevereiro, incluindo informação e comunicação (5,6%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (2,6%). Como resultado, o faturamento de serviços como um todo cresceu 2,5% em fevereiro, marcando o segundo mês consecutivo de alta. Esse aumento foi observado em 22 das 27 unidades da federação pesquisadas, com destaque para o Acre (20%), Paraíba (11%) e Distrito Federal (10%). No entanto, algumas regiões enfrentaram desafios, como Mato Grosso (-8,8%), Roraima (-7,5%) e Goiás (0,5%). No primeiro bimestre, as receitas dos serviços de alimentação no Brasil aumentaram 7% em termos reais, impulsionando o resultado do setor de serviços como um todo (+3,3%).
“É fundamental revisar custos operacionais, reduzir despesas sem comprometer a qualidade dos produtos, otimizar estoque, além de diversificar produtos e serviços em busca de alternativas mais econômicas. O uso de tecnologia em processos de gestão também tem sido importante para aumentar a eficiência dos negócios. É preciso ainda acompanhar as tendências e mudanças do mercado e manter uma comunicação transparente com os clientes sobre os ajustes de preços e as medidas tomadas para enfrentar a inflação”, conclui Fernando Blower.
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