A Malwee irá lançar o selo “Moda do Bem”, que indica suas peças sustentáveis, fabricadas com uso reduzido de água, matérias primas orgânicas e biodegradáveis. A identificação será introduzida em dezembro, em uma coleção cápsula.
Um dos tecidos utilizados será confeccionado com 88% de poliéster reciclado, a partir de embalagens plásticas. De acordo com a empresa, a utilização deste material já permitiu que 30 milhões de garrafas fossem retiradas do meio ambiente.
Outro tecido que utiliza técnicas sustentáveis é o jeans, produzido com técnicas industriais que reduzem em até 93% o consumo de água. Algumas peças receberão algodão desfibrado, feito com resíduos de malhas recicladas. O tingimento é realizado a partir de um processo sustentável, que permite reduzir em até 98% o volume de água. As próprias etiquetas das peças serão feitas com tecido reciclado e as embalagens com plástico totalmente reciclado.
A criação do selo e da coleção cápsula é parte de um termo de compromisso da ONU, chamado Our Only Future (Nosso Único Futuro), que busca evitar o aumento da temperatura média global e zerar a emissão de gases de efeito estufa até 2050.
Apenas três empresas brasileiras assinaram o acordo: Klabin, Natura e a Malwee. A marca têxtil também aderiu ao pacto Fashion Pact, assinado por 32 empresas de moda, durante a reunião do G7, na França.
Guilherme Weege, atual presidente da Malwee, acredita que estes pactos ajudam a trazer visibilidade para as questões ambientais e a fabricação de produtos. “Hoje o consumidor não sabe como é fabricado o produto que ele consome, mas ele está interessado no processo”, disse.
A indústria têxtil é uma das que mais polui. Um caminhão de resíduos têxteis é jogado no lixo a cada segundo no mundo e as peças de vestuário geram meio milhão de toneladas de microfibras nos oceanos a cada ano.
De acordo com o executivo, a questão do preço é uma das maiores geradoras dos impactos ambientais. “O rápido consumo puxa os preços cada vez mais para baixo e as empresas buscam os países com os menores custos de produção”, explicou Weege.
O preço das linhas sustentáveis da Malwee é próximo ao das peças tradicionais. Mas a fabricação permanece mais cara, pois não há escala suficiente para reduzir o custo.
Para a Malwee, os ganhos devem vir em longo prazo com a redução dos custos de materiais e dos gastos com água, além do barateamento do processo com a ampliação da escola. Porém, até isso acontecer, as margens da empresa serão reduzidas. “Há consumidores que enxergam o diferencial desses produtos, mas ainda não é uma peça que se paga”, afirmou o presidente da empresa.
Para Weege, o fast fashion não deve deixar de existir. “A moda é passageira, não é atemporal, então o fast fashion continuará a existir. A diferença é que o público irá buscar mais qualidade e outros modos de produção”, afirmou.
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