Os principais indicadores do consumo apontam na mesma direção: deixaram de piorar e apresentam uma leve melhora, indicando assim um provável ponto de ponto de virada.
Há 4 indicadores que direcionam o consumo no Brasil e todos vinham em um forte ritmo de queda desde o início de 2015, mas nos últimos 3 meses os indicadores passaram a apresentar estabilidade ou até mesmo um leve melhora.
O Emprego, fator fundamental para o crescimento da renda e da confiança ainda está em patamar alto em 11,8% (Pnad Jul-Set/16), valor esse que deve ficar estável até o final de 2016 devido à abertura de vagas temporárias, ainda esperamos um aumento sazonal do desemprego no primeiro trimestre de 2017 pelo fechamento das vagas temporárias, alcançando 12,5% a 13,0%, mas a expectativa é que o indicador comece a ceder à partir do 2º ou 3º trimestre de 2017 com a retomada da confiança do empresário e dos investimentos.
A Renda que apresentava queda desde Jan/2016, aponta para a sua estabilização ficando em R$ 176,8 bilhões (Pnad Jul-Set/16), resultado da redução do ritmo de crescimento do desemprego e início de queda da inflação.
Já o Crédito está bastante estável, com pouca movimentação devido à baixa demanda para tomar crédito por parte dos consumidores e pelo maior rigor dos bancos em conceder o crédito. A boa notícia neste ponto é que o Banco Central já iniciou o processo de baixa dos juros (propiciado pela queda na inflação), além disso, as famílias brasileiras também têm reduzido o seu nível de endividamento**, que caiu do seu maior patamar de 31,7% no início de 2012 para 24,4% em Ago/16.
Por fim, a Confiança do Consumidor está em 82,4 pontos, forte melhoria desde o seu pior patamar em Abr/16 com 64,4 pontos. A melhoria nesse indicador vem fundamentalmente do crescimento da confiança futura e não da confiança atual, apontando que os brasileiros acreditam que o cenário econômico deverá ser melhor, mas que essa melhoria ainda não chegou ao bolso.
E agora?
Apesar da mudança de direção e retomada estar em ritmo mais parecido com um transatlântico do que com um barco rápido como gostaríamos que fosse, não podemos deixar de ressaltar a inflexão na direção dos indicadores, o que aponta o ponto de virada, título desse artigo.
Acreditamos assim que há fundamentos para a retomada do crescimento econômico e do consumo no Brasil, mas que esse crescimento ainda deve ser em patamar baixo em 2017 com o consumo crescendo em torno de 1% a 2% (já descontado a inflação) e que nos anos subsequentes esse patamar deve ser dobrado.
Claro que não podemos esquecer que há inúmeras incertezas pelo caminho que podem mudar o curso do cenário atual e que devemos estar bastante atentos para essas mudanças. Apenas para citar algumas incertezas, temos no cenário internacional a eleição do Trump, Brexit, desaquecimento da China, crescimento na Índia, etc. Já no âmbito nacional temos a Lava-jato, PEC do teto, reforma da previdência, quebra dos estados, lei do trabalho intermitente, etc.
*Renda ou Massa Salarial: soma dos salários dos brasileiros já descontada a inflação
**Endividamento: Dívida das famílias / Massa Salarial dos últimos 12 meses
Por: Eduardo Yamashita