Apesar de todo o momento conturbado que o varejo viveu nos últimos dois anos, o segmento de brinquedos seguiu crescendo e prevê para 2022 uma alta de 6%. Com o avanço da vacinação no País e a retomada dos eventos presenciais, milhares de varejistas de brinquedos se encontraram no principal evento do setor, a Abrin 2022, para discutir as tendências, as mudanças e o futuro da categoria.
A feira aconteceu entre os dias 13 e 16 de março, no Expo Center Norte, e reuniu as principais marcas, importadoras, lojas e fabricantes do setor de brinquedos. O evento, maior do setor na América Latina, é promovido pela Francal Feiras e pela Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
Para a head de Produtos da Abrin, Luciana Ramos, a feira marca a volta dos eventos presencias e de um varejo mais assertivo. “Nós estamos muito felizes com os resultados da feira; as expectativas estavam enormes e tivemos um feedback superpositivo de que a feira estava ótima para negócios”, completou Luciana.
Quem também demonstrou felicidade com a retomada foi o presidente da Abrinq, Synésio Costa. “Ontem, [referindo-se ao domingo, 13] foi o melhor primeiro dia da feira dos últimos dez anos. Nem em 2020 tivemos um dia tão energizante. Quase 4 mil pessoas vieram visitar a feira”, destacou o executivo.
O presidente também aproveitou o momento para reforçar que o mercado de brinquedos seguirá aquecido apesar dos avanços dos games e aparelhos tecnológicos. Ele destacou o momento positivo pelo qual o mercado passa no País. “Hoje, o Brasil não deve mais para ninguém em termos de velocidade, rapidez das coisas e produtos”, complementou.
Atualmente, são 15 mil pontos de vendas especializados em brinquedos no Brasil. Compõem também essa malha do segmento 403 fábricas e 350 importadoras que fornecem, aproximadamente, 250 milhões de brinquedos. Ao todo, são 4.700 tipos de brinquedos.
Tendências e perfil das crianças brasileiras
Durante uma das palestras do Abrin Talks, espaço destinado para palestras e para promover insights sobre o setor de brinquedos, foi exibida uma análise sobre o perfil do que as crianças brasileiras estão consumindo. Por meio de um levantamento feito pela Askids, empresa de dados e insights do segmento de crianças e jovens pertencente à KidsCorp, foi possível debater e entender onde estão as oportunidades do setor.
O recorte feito na pesquisa levou em consideração crianças e adolescentes de 3 a 18 anos que estão conectadas e possuem acesso à internet, totalizando mais de 33 milhões de jovens.
Entre as diversas perguntas da pesquisa, uma estava relacionada às preocupações que essas crianças e adolescentes tinham. Entre as principais respostas, estavam a covid, a violência, a pobreza e os maus-tratos aos animais. Para Gastón Stochyk, managing diretor da Askids que comandou a palestra, esse resultado mostra oportunidades para as marcas serem empáticas e se aproximarem dos jovens consumidores.
Ao se focar nos brinquedos preferidos, o estudo indicou que existem certos brinquedos para determinadas faixas etárias. Entretanto, a fase próxima aos nove anos é o momento em que se nota um aumento da introdução de tecnologias e telas no lugar dos brinquedos offline.
E esse fenômeno já reflete em outro questionamento, relacionado ao que as crianças sonham ser. Youtuber e desenvolvedor de jogos estão entre as dez profissões mais citadas em meio a carreira mais tradicionais. Quando perguntados sobre hobbies no tempo livre, atividades físicas, desenhar e brincar com brinquedos são citados, mas também aparecem as redes sociais, especialmente YouTube e TikTok, como atividades favoritas.
Ainda como reflexo da quantidade de tempo que os jovens passam nos dispositivos, Luciana destacou o papel fundamental que os influencers têm atualmente nos negócios. “A gente viu o quanto os influencers mirins estão ditando a moda do que está sendo comprado. Então, se tem um influencer atrelado a marca, é sinônimo de sucesso”, completou.
Apesar deste cenário que tende aos dispositivos tecnológicos, Stochyk indicou que existe uma oportunidade de negócios interessante ao analisar a faixa dos 9 aos 12 anos, período em que ocorre essa aproximação com os dispositivos. Para ele, é neste momento que empresas deveriam focar e pensar em fazer algo que tem se mostrado tendência, unindo o clássico com inovações tecnológicas, para assim se aproveitar desse momento de transição.
Por fim, a pesquisa também apontou que sete em cada dez brasileiros influenciam a compra de brinquedos dos pais; que 41% dos jovens possuem dinheiro próprio; e 22% usam o dinheiro para comprar brinquedos.
Dentre os locais de compra são citadas lojas próximas, centros comerciais e o e-commerce. As cinco lojas mais faladas no e-commerce pelas crianças e adolescentes são as Americanas, Mercado Livre, Amazon, Casas Bahia e Magazine Luiza.
Imagens: Marcelo Audinino