A pandemia caiu como uma bomba para a Cia. Tradicional de Comércio. De uma hora para outra, a rede, que abriga entre diferentes nomes cerca de 40 bares e restaurantes, viu-se obrigada a fechar as portas, sem data para reabrir casas como Original, Pirajá, Astor, SubAstor, Bráz e Lanchonete da Cidade, parte da paisagem boêmia paulistana.
“Ficamos absolutamente atônitos e assustados”, admitiu um dos cinco fundadores da CiTC, Ricardo Garrido, que interrompeu um período sabático em Nova York. “Voltei para ajudar meus sócios a pensar como seria o futuro dos bares e restaurantes”, disse ele em apresentação nesta semana no Global Retail Show, evento 100% online dedicado a debater a retomada do varejo.
A primeira reação foi de perplexidade. “Bares e restaurantes sempre se associaram a um conceito de espaço físico. Uma das máximas desse setor é a ‘location, location, location’. E assim a gente conduziu nosso negócio ao longo de 25 anos: a de ter um lugar extremamente atraente para transmitir toda a experiência gastronômica com o conceito de cada marca.”
O resultado, segundo ele, é uma tentativa de reinvenção. “O que está acontecendo é que esses restaurantes nunca mais abrirão da mesma forma como foi no passado. A maioria terá serviço de delivery associado”, pontuou.
As casas tendem a ser pontos de conexão entre o consumidor e a expertise das marcas da Companhia, prevê Garrido. “Com algumas marcas, a gente mal pensava em entregar em delivery porque pensava que o consumidor não teria interesse em coisas mais elaboradas; só em pizza ou hambúrguer.”
Com a demanda, a CiTC precisou se adaptar. Uma das unidades do ICI Brasserie nos Jardins virou uma dark kitchen para entregar pratos de três marcas (Astor, Ici Brasserie e a Bráz Trattoria) combinadas a partir de um só pedido. “Foi uma coisa meio óbvia que a gente não pensava em fazer, fez rapidamente e teve o mesmo sucesso. Essa casa conseguiu fazer o mesmo faturamento de antes e só operando em delivery.”
Uma das novidades foi a produção e entrega de coquetéis engarrafados com todos os apetrechos e até gelo. Também passaram a entregar chope gelado. Criaram ainda a Bráz Veloce, uma pizza pré-assada e resfriada para assar no fogão que pode ser levada no forno da própria cada do consumidor. “São produtos que saem da pandemia com muita força e produtos que a gente pretende ampliar e manter.”
Uma das lições, segundo Garrido, é que o consumidor, ainda temeroso de frequentar as lojas mesmo depois do início da flexibilização, em julho, procura cada vez mais a experiência de um restaurante mesmo estando em casa. “Nossa visão é que o nosso modelo de negócio está em transformação. Não é fácil trocar o pneu com o carro em movimento. A gente precisa ler esse cliente, entender e testar vários canais de conexão com esse cliente”, explico.
“A gente tem uma oportunidade. O futuro vem sendo puxado pelo consumidor. Essa reflexão pode fazer com que relação seja mais positiva e mais produtiva depois que gente estiver vivendo uma vida mais normal.”
Com informações da Forbes.
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