Flávio Rocha: “Elites e classe empresarial amadureceram do ponto de vista social e ambiental”

Presidente do conselho da Riachuelo e outros líderes consideram que crise causada pela pandemia promoveu essa mudança

Flávio Rocha: "Elites e classe empresarial amadureceram do ponto de vista social e ambiental"

A crise causada pela pandemia de covid-19 evidenciou ainda mais as desigualdades econômicas e sociais brasileiras. Ao mesmo tempo, serviu para movimentar as empresas na busca por soluções. Essa é impressão de líderes de grandes companhias do País que se reuniram no debate “Passaporte para o Futuro”, que marcou o fim do Latam Retail Show nesta quinta-feira (16). “Se existe algo de positivo que resultou da tragédia da pandemia foi o amadurecimento das elites e da classe empresarial do ponto de vista social e ambiental”, disse Flávio Rocha, presidente do Conselho de Administração do Grupo Guararapes, dono da Riachuelo.

Mediador do painel, Marcos Gouvêa de Souza, CEO da Gouvêa Ecosystem e publisher da Mercado&Consumo, concordou: “Há num nível de conscientização maior das classes empresariais. E muito dessa consciência veio à reboque dos problemas que tivemos na pandemia. Neste ano, no Latam Retail Show, pela primeira vez trouxemos um programa focado no desenvolvimento de um grande estudo sobre como podemos reduzir a fome no Brasil, reduzindo o desperdício de alimentos. Temos fome e temos desperdício, e isso é uma incoerência brasileira.”

Além de Flávio Rocha e de Marcos Gouvêa de Souza, o debate ao vivo contou com a participação, ainda, de Rafael Forte, presidente da Vtex Brasil, Marcilio Pousada, CEO da RaiaDrogasil S.A., e Juliano Ohta, CEO da Telhanorte Tumelero – além de depoimentos de outros empresários gravados em vídeo. Todos destacaram o que consideram essencial para ser carimbado nesse “passaporte”, ou seja, o que o País precisa para se desenvolver. Entre os conceitos citados, estiveram investimento, ciência, tecnologia, educação, reforma tributária e respeito à diversidade.”

“A palavra que precisamos é colaboração. Um caminho para todo mundo sair dessa para melhor. Continuo esperançoso de que as coisas vão se ajustar em algum momento”, disse Marcilio Pousada. “Mas precisamos de estabilização política, que a curto prazo não teremos por causa da polarização.”

Pousada também destacou a necessidade de o País investir na qualidade da educação. “Uma coisa que está surpreendendo muito é o empreendedorismo. O País está começando a despontar nisso, tem alguma coisa acontecendo nessa juventude que está vindo e que teve um pouco mais de acesso. É uma diversão poder competir com uma pessoa inovadora, que faz a gente repensar como fazer isso no nosso negócio.”

Conhecimento e educação

Educação também foi a palavra-chave citada por Rafael Forte, da Vtex. “Sem estabilidade politica, não conseguimos ter estabilidade econômica. Sem reformas, não conseguimos abrir espaço para mais empregos. Mas ainda temos de resolver questões básicas. Mesmo tendo reforma tributária e estabilidade politica e econômica, precisamos ter gente para colocar nesse emprego. Precisamos dar conhecimento e educação. O Brasil precisa de base para ser a potência que é.”

Juliano Ohta, da Telhanorte Tumelero, destacou a relação entre educação e aumento de produtividade.  “Sem educação, não é possível ser produtivo, e sem produtividade não é possível alcançar objetivos básicos para a população ter dignidade. Mas também falta um ponto importante para a estabilidade política que é a responsabilidade fiscal. A diminuição do custo do funcionalismo é fundamental. O Brasil gasta hoje mais do que países que são extremamente assistencialistas, como a Suécia e a França.”

Ohta ressaltou a importância de governança, estabilidade e planejamento estratégico – pilares fundamentais de qualquer empresa, mas pouco abordados no âmbito do Estado. “Precisamos de menos governo e mais governança”, sentenciou. ”

Flávio Rocha, da Riachuelo, também falou sobre democracia e liberdade econômica. “Nós queremos uma carruagem menor e mais eficiente, um Estado que faça sentido, que caiba no PIB, e que não faça a gente correr num ambiente pantanoso, mas numa estrada asfaltada, com melhores condições de se fazer negócios.”

Imagem: Divulgação

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