O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, avaliou nesta terça-feira, 18, que os benefícios que o Brasil pode obter em uma nova guerra comercial deflagrada pelas tarifas de Donald Trump devem ser menores do que no primeiro mandato do republicano.
De 2018 a 2020, a primeira guerra comercial de Trump, lembrou Mesquita, beneficiou o Brasil pela troca de produtos agrícolas americanos, principalmente a soja, no mercado chinês. Agora, comparou, o Brasil já tem uma fatia de mercado elevada nas exportações de soja à China, de modo que o espaço para crescimento diminuiu.
Além disso, desta vez, o Brasil também pode ser alvo de tarifas mais amplas de Trump, que ameaça aplicar o princípio de reciprocidade contra os países que cobram tarifas altas nas importações de produtos americanos. Haverá negociação, mas o economista entende que o mais provável, hoje, é os Estados Unidos subirem as tarifas, considerando que o Brasil não deve baixar o imposto cobrado na entrada de produtos dos Estados Unidos, em especial o etanol.
“O beneficio, se tiver, será menor”, afirmou Mesquita durante a apresentação do cenário do banco à imprensa. Para o economista, a impressão é que as políticas de Trump migraram do “America First” – EUA em primeiro lugar – para o “America Only” – ou seja, apenas os Estados Unidos -, o que fragiliza a narrativa de investimentos fora do país, seja em economias próximas, movimento conhecido como nearshoring, ou em países aliados (friendshoring) das nações desenvolvidas do Ocidente.
Cm informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Laguna).
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