Marcos Gouvêa de Souza*
Consumada mais uma etapa do processo de impedimento da Presidente da República, tudo parece indicar que é só uma questão de tempo para que se encerre essa etapa negra da história do País. Mas não podemos nos iludir.
Temos pela frente um período ainda difícil de superação de problemas econômicos. A maior diferença entre a situação anterior e o novo cenário é o resgate da esperança e da perspectiva de novos tempos para o País.
Dependendo do prazo para que se cumpra o rito processual que culmina com a decisão soberana do Senado, de afastamento da presidente, teremos o início de um ciclo de apenas dois anos, antes de novas eleições, para que se promova uma reversão de expectativas e que se crie uma nova realidade político e econômica.
Serão dois anos apenas para que se crie uma nova perspectiva com o início das reformas estruturais que o Brasil demanda, sem as quais nada de fato acontecerá, com a necessária cautela por conta dos compromissos que foram assumidos no processo de impedimento da atual presidente.
Mas a maior diferença é que renasce a esperança de que poderemos caminhar em direção distinta à do cenário atual que mantém o País engessado e refém dos conflitos políticos.
Serão períodos difíceis de intensas negociações na busca da composição possível, nem simples e muito menos fácil, que permitam as reformas mais amplas, estruturais que o Brasil demanda.
E para tornar o período ainda mais complexo temos as ameaças inconsequentes e irresponsáveis, mas com alta probabilidade de se tornarem realidade, de segmentos contrários à modernização do país que sinalizam com a proposta de incendiar e criar um clima de guerra. Não se pode subestimar esse comportamento sectário.
Mas a esperança de que possamos iniciar um novo ciclo social, econômico e político, faz toda a diferença e com reais benefícios para o país e a sociedade, como se tem observado no comportamento recente da Bolsa de Valores e do próprio valor do dólar.
Essa é a sinalização mais objetiva e prática de que vamos viver uma nova realidade que pode reverter o quadro de estagnação que temos vivido, porém não trará imediatamente empregos, lojas reabertas ou expansão de negócios.
Objetivamente vamos parar de piorar e estará criado o ambiente necessário para uma recuperação. Mas temos pela frente períodos ainda difíceis e complexos.
A expressão de que se queremos paz nos preparemos para a guerra é totalmente pertinente neste momento mas, objetivamente, o tamanho da destruição feita demandará tempo, foco, articulação e muito trabalho para que possamos de fato iniciar um novo ciclo.
O que tivemos que comemorar foi ontem. Agora é trabalhar.
*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS