A parceria feita pela rede brasileira de eletrônicos Fast Shop e o Uber, que permite entrega de produtos em até duas horas na cidade de São Paulo, foi um dos destaques do painel “Reinicialização total do varejo: como eventos cataclísmicos aceleram tendências, transformação e inovação”, realizado nesta terça-feira (19) no Retail’s Big Show, maior evento do setor no mundo, realizado pela National Retail Federation. O evento, que teve início na semana passada e termina nesta sexta (22), tem cobertura completa do portal Mercado&Consumo.
No painel, a CEO e fundadora da consultoria GDR Creative Intelligence, Kate Ancketill, falou sobre as mudanças pelas quais o varejo passou nos últimos cinco meses e que, segundo ela, foram muito mais intensas do que aquelas vividas nos últimos cinco anos. Kate citou cases do mundo todo e citou as tendências que ela acredita que irão acelerar a pós-pandemia: o desafio da globalização, a redução da alavancagem do varejo físico e as implicações de uma cidade cada vez mais inteligente .
Entre as mudanças que vieram para ficar, a executiva citou a troca da compra na loja pela online, a preferência pelo consumo sustentável, a revisão das questões envolvendo mobilidade, a vida girando ao redor da casa e a digitalização das interações. Para ela, as inovações que vão permanecer giram em torno de três “Ps”: people, planet and profit (em português, “pessoas, planeta e lucro”)
Kate Ancketill comentou que a brasileira Fast Shop criou um modelo em que o cliente pode ir até a loja, ver uma demonstração ou o teste de um produto, escanear o preço, fazer a compra pelo celular e ir para casa, onde o item será entregue em no máximo duas horas por um carro do aplicativo Uber. “É uma combinação de venda com sistemas de entrega que antes você costumava ver apenas no fast food”, comentou.
Ela citou, também, o caso da H&M, que mantém em algumas lojas uma máquina que limpa fragmentos de suéteres usados, por exemplo, para entregar um produto praticamente novo para o cliente – que pode ser um suéter mesmo, um cachecol, ou outra peça que ele preferir feita a partir daquela matéria-prima. O serviço custa entre 8 e 13 libras e fica pronto em cinco horas.
Outro destaque do painel foi uma unidade do Carrefour em Paris, na França, que atua com o sistema de click-and-collect totalmente automatizado, em que o cliente não precisa tocar em nada, além do seu próprio celular, para fazer a compra, e uma loja da Gucci na Florença, na Itália, que promove lives e chats com os clientes.
“Algumas vezes, eventos drásticos nos fazem ver as coisas mais rapidamente”, comentou Kate Ancketill. “O que vimos em 2020 foi que nos adaptamos muito bem e muito rapidamente às mudanças.” Ela citou cinco soluções que os varejistas devem implementar agora para não perderem mercado diante de tantas inovações:
- O conceito de prateleira infinita, permitido pelo uso site como auxiliar na compra em loja física;
- A automatização do atendimento aos desejos dos clientes;
- A integração das redes sociais com as soluções de pagamento;
- A entrega rápida, que também pode ser feita por meio de sistemas de coleta na loja;
- O uso de menos estoques e mais serviços
O chamado “Chapter 1” do Retail’s Big Show terá sessões, ainda, na próxima quinta e na sexta-feira. O capítulo 2 será realizado em junho e a NRF adiantou que, assim como agora, será totalmente virtual por causa da pandemia de Covid-19.
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