Canal foodservice: inovação, resiliência e gente

A indústria de alimentos faturou em 2023 R$ 1,161 trilhão, um crescimento de 7,2% no faturamento e de 5,1% na produção, em relação a 2022. Essa diferença deve-seespecialmente pela consolidação do Brasil como o maior exportador de alimentos do mundo. Ainda assim, 73,2% desse faturamento está relacionado ao consumo interno, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).

A indústria de alimentos representa respeitáveis 10,8 pontos percentuais do PIB nacional. E segue investindo forte em soluções tecnológicas e de aprimoramento do atendimento aos seus canais, além de iniciativas, cada vez mais frequentes, de desintermediação a partir de estratégias direct to consumer (DTC) pelos mais diferentes motivos, entre eles, conhecer melhor o consumidor, experimentar novos caminhos, ocupar espaço de mercado entre outros.

Direcionando nosso olhar para o foodservice, em 2023, o canal representou 27,6% da venda das indústrias de alimentos.

A decisão de atender ao canal foodservice nem sempre é simples. O número médio de participação do canal na venda da indústria é mascarado por empresas que são integral ou fortemente dedicadas ao foodservice. Ao mesmo tempo, isso sinaliza oportunidades.

E quais são os requerimentos para o crescimento no atendimento ao foodservice?

Sem dúvida o primeiro deles é a inovação. O produto que serve ao varejo alimentar, apesar de muitas vezes ser sinônimo de qualidade em diversas categorias, nem sempre performa da mesma forma na produção de uma cozinha profissional. Assim, o profundo entendimento de como ele será utilizado na ponta e a flexibilidade para implementar os devidos ajustes são imperativos.

O foodservice é um canal que busca preço como um dos seus drivers, já que ele adicionará os custos de transformação e serviço, além das suas margens, que ano a ano são mais pressionadas. Porém, a máxima de que é um canal que busca somente preço não é verdadeira. Mas é importante compreender que a indústria pode emprestar valor à construção de marca desses negócios, e gerar uma simbiose positiva para todas as partes, especialmente para o consumidor. Então, a construção de marcas fortes pela indústria fazem a diferença em sua penetração no mercado.

Comer alimentos preparados fora de casa é uma combinação de hábito e indulgência que ano a ano cresce no País. Ou seja, apesar de todos os desafios, o segmento segue resiliente.

É necessário entender que o mercado de alimentação fora do lar tem uma importante jornada de profissionalização pela frente, pois dois terços dos mais de 1,9 milhão de CNPJs existentes são registrados como MEI; isto é, são empresas de empreendedores individuais. Mas o terço de empresas maiores puxa o País para um nível de maturidade operacional e tecnológica que atualmente é benchmark no Brasil e em mercados internacionais.

O País vive um movimento importante de empreendedorismo no segmento e, ainda, estamos alguns passos atrás da crise de mão de obra dos mercados maduros. Então, investir em programas de capacitação e acesso à tecnologias tornará as pessoas mais aptas para oferecerem melhores produtos e serviços em combinação virtuosa para o setor.

Em resumo, inovação, resiliência e gente são elementos fundamentais para a evolução do setor e para que a indústria de alimentos aumente sua participação no canal.

O Brasil tem potencial para, além de ser o maior exportador de alimentos do mundo, se tornar o País referência em alimentação e hospitalidade. Só depende de nós.

Nota:  Entre os dias 15 e 21 de maio, promoveremos a delegação Gouvêa Foodservice NRA Show 2024.

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock 

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