Este é o meu terceiro e último artigo sobre os aprendizados da NRF 2024. O recorte é sobre retail media e, claro, como podemos implementar aprendizados no mercado de alimentação fora do lar, o que estou chamando de foodservice media.
Para todos ficarmos na mesma página, retail media é um termo em inglês que pode ser traduzido simplesmente como “mídia de varejo”, mas eu prefiro estratégia de marketing aplicada à mídia de varejo.
Assim, ela é a estratégia que direciona como as marcas podem anunciar produtos e serviços em plataformas de varejistas, tanto físicas quanto online, através de banners, vídeos, anúncios em mídia social até mesmo displays físicos ou digitais em pontos de vendas. A proposta de ações pode partir do varejista ou das marcas.
O grande objetivo é sempre a conversão, porém, o maior valor está no compartilhamento de dados entre as partes, permitindo que haja evolução na assertividade das ações, e, claro, mais vendas.
E por que esse tema se tornou destaque na NRF, se o modelo de retail media vem se desenvolvendo desde os anos 90? Porque a evolução do acesso digital e a sedimentação do comportamento de compra pelos canais digitais cresceram nas últimas três décadas, tornando o assunto mais maduro e estruturado.
Pesquisas indicam que 97% dos brasileiros pesquisam online, mesmo se estiverem fazendo uma compra em loja física, portanto, os canais digitais são extremamente importantes para a exposição das marcas. Mas acho que isso todos nós já sabíamos, não é?
O fato é que existe um movimento pendular de varejo que constrói e destrói valor sobre a importância das lojas físicas. E, nesse momento, estamos na ponta em que discutimos o valor da loja física. Assim, elas passam a ganhar destaque. Portanto, a discussão de retail media avança do tráfego digital para o físico.
Apresentação de cases, debates etc vieram de grandes varejistas como o Walmart, que destacou a importância da ativação física e digital integrada; da Target, reforçando que o retail media precisa levar em consideração a experiência do cliente para ser efetiva; da Amazon, com toda sua potência em big data entregando ofertas personalizadas para clientes; do Carrefour, ilustrando seu modelo de mídia proprietária com olhar de longo prazo; e da brasileira Magalu, destancando o retail media como complemento à sua estratégia omnichannel.
E, felizmente, tivemos um painel com a 7-Eleven, que nos permitiu fazer importantes paralelos para a realidade do foodservice. A marca é pioneira no uso de retail media e hoje poder ser considerada um grande lab de informação.
Os principais canais da 7-Eleven com o seu consumidor são: aplicativo próprio, que permite compras antecipadas ou compras e pagamentos dentro da própria loja; website, com as funções normais de achar loja, fazer pedidos delivery, consultar produtos etc.; e a loja física.
As mídias sociais e o programa de fidelidade têm papel transversal: as mídias promovem interação, conexão e desejo. Já o programa de fidelidade passa por aprimoramentos, tudo para cumprir sua ambição é ser líder em retail media.
Para que as lojas não sejam exclusivamente caixas de concreto com displays de produtos, a empresa investe em mais tecnologias, especialmente Inteligência Artificial e machine learning para conhecer ainda melhor o seu cliente e reduzir o atrito no momento de compra. O conceito 7-Eleven Now está sendo testado em algumas lojas e é similar ao modelo Amazon Go, mais um passo importante.
Todas as ações na 7-Eleven são metrificadas, permitindo que as marcas parceiras se beneficiem para ampliar ações em outros canais em que atuam. Os lançamentos de produtos em colaboração são sempre de grande sucesso pelo grau de assertividade. O delivery está em 95% das lojas e o grande esforço é pro-personalização.
Retail media não pode ser miniaturizado a displays, painéis e outros tipos de tela. O mais importante é que para gerar impacto e ser atraente para marcas estarem conosco nessa jornada é a escala. Somente nos Estados Unidos, a 7-Eleven tem mais de 10 mil lojas, em um total de 70 mil espalhadas pelo mundo em 17 países.
Se o seu negócio de foodservice não tem os pré-requisitos, não vale parar tudo e mergulhar no tema. Primeiro, seja o melhor no básico, lembrando que é um básico perfeito e em um alto nível de sofisticação da gestão, integrando o digital, com uma experiência excelente para o cliente. Senão, será gasto de energia, desperdício de foco e mais um motivo para reclamar que “a grande indústria” não dá atenção aos operadores.
Reflita, mas nunca se acomode. Trilhe uma jornada para encarar os gigantes!
Nota: nos dias 13 e 14 de março promoveremos a 3ª edição do Foodservice Innovation Dive, um programa exclusivo para players do segmento de foodservice, em São Paulo, contemplando visitas e discussões sobre as melhores práticas do mercado. Conheça os bastidores do Empório Fasano, Carioca Foods, Vila Anália, e muito mais.
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock e Reprodução