Seth Goldman, presidente executivo da Beyond Meat, não vê a Impossible Foods – ou qualquer outra companhia que atue na categoria em rápida expansão de substitutos para a carne – como sua principal concorrente.
Pesquisas recentes mostraram que 52% dos americanos estão tentando incluir mais alimentos à base de plantas em sua dieta. Os incentivos são muitos: razões de saúde, preocupações ambientais, bem-estar animal.
E quanto aos outros 48%? Goldman está profundamente interessado em lhes dar algo para “mordiscar”.
Goldman fez uma apresentação no NRF Retail’s Big Show acompanhado pelo “Guru do Supermercado” Phil Lempert. Ele abriu as discussões com alguns vídeos animados e alegres. Um deles tinha o rapper Snoop Dogg atrás do balcão da Dunkin ‘, introduzindo o sanduíche “Beyond D-O-Double G”, complementado pelo Beyond Breakfast Sausage, com ovo e queijo em uma brilhosa rosquinha fatiada.
Em outro vídeo, Martha Stewart apresenta o lançamento da Beyond Meatball no Subway Canada com uma ironia sobre como “cultivá-las”.
O objetivo, disse ele, não é fazer com que mais pessoas se tornem veganas. É apenas que mais pessoas comam refeições à base de plantas, mesmo que não o façam o tempo todo.
“Queremos que as pessoas experimentem”, disse Goldman. Se o fizerem, ele acredita que o produto será vendido.
Os itens à base de plantas de hoje estão muito longe dos bifes de soja servidos nos refeitórios da escola anos atrás – e até dos hambúrgueres vegetarianos mais recentes. Houve muita atenção para replicar o sabor, o aroma, a textura, a aparência “e até a parte auditiva da experiência” da carne, disse ele.
Os consumidores aderiram. Goldman e Lempert concordaram que a categoria passou de moda para tendência; a Kroger, por exemplo, vem testando uma seção baseada em plantas nos departamentos de carnes de 60 lojas. “Isso é comum”, disse Lempert.
Desde o início, disse Goldman, a Beyond Meat visava ser disruptiva – e impactar os desafios globais. Isso exigiu financiamento significativo e pesquisas sérias. Quando ele co-fundou a Honest Tea, contou o executivo, a empresa levantou US$ 10 milhões nos primeiros 10 anos. A Beyond Meat, no entanto, abriu o Centro de Inovação “Manhattan Beach Project” em 2018 para atrair as melhores mentes disponíveis. E, em 2019, a Beyond Meat levantou US$ 241 milhões em sua oferta pública inicial.
Embora a Beyond Meat tenha começado com carne vermelha e salsicha, ela está decididamente construindo a categoria. Um teste pop-up de um dia com o KFC, por exemplo, resultou em grande fila no drive-thru local, disse ele.
Também estão em andamento testes para diversificar os ingredientes, sejam ervilhas, lentilhas, grão de bico ou outros elementos, todos com sabor agradável. O objetivo é ser “independente de uma única planta”, existindo um processo para extrair a proteína de qualquer planta possível, o que pode ter um impacto significativo na fome no mundo.
Goldman deu o exemplo de Bangladesh, onde os visitantes não veem postes telefônicos: o país ultrapassou esse setor e foi direto para o celular. Da mesma forma, ele espera que a proteína à base de plantas permita um salto na indústria pecuária, atendendo as necessidades locais com os recursos disponíveis.
De acordo com ele, estudos mostraram que um hambúrguer da Beyond Meat consume 99% menos água e 93% menos terra para ser produzido do que o tradicional de carne bovina.
Mesmo nos Estados Unidos, disse Goldman, a Beyond Meat espera criar um “renascimento na América rural”, criando culturas de valor agregado, como ervilhas.
Quanto à indústria da carne? É um lobby poderoso, mas Goldman e Lempert sentem que esses produtores estão sentindo a pressão. O mercado de carne à base de plantas, de acordo com o banco Barclays, pode chegar a US$ 140 bilhões na próxima década.
Com informações da NRF
* Imagem divulgação NRF