A TecBan lançou uma plataforma Open Banking as a Service, cujo objetivo é facilitar a implementação e gestão do novo sistema financeiro aberto, que entrou na primeira fase em 1º de fevereiro e deve abrir oportunidades para o varejo.
A expectativa é acelerar a integração das instituições financeiras à regulamentação brasileira. Batizada de Open Finance TecBan, a solução foi desenvolvida em parceria com a Ozone, empresa responsável pela criação do sistema utilizado na implantação do Open Banking no Reino Unido.
“O Open Banking tem a capacidade de transformar o ecossistema financeiro brasileiro. A plataforma de Open Banking as a Service da TecBan, testada e aprovada no Reino Unido, vem ao encontro das necessidades do setor financeiro, ao passo que reduz o investimento e o esforço necessário para as instituições aderirem ao ecossistema. Assim, ela permite que as instituições concentrem seus recursos no desenvolvimento de propostas de valor inovadoras e impactantes aos seus clientes, enquanto focamos na parte técnica e regulatória que o cliente final não enxerga”, afirma o head de Novas Plataformas da TecBan, Tiago Aguiar.
A tecnologia da TecBan apresenta seis principais funcionalidades. É um portal de desenvolvimento (documentação, exemplos, sandbox para testes e especificações das APIs), de gerenciamento de APIs (validação das requisições, transformação da resposta, conectores específicos de bancos e validação e assinatura das mensagens) e de gestão de parceiros (integração ao diretório, validação de certificado, gerenciamento de clientes e autenticação TPP).
Ela também faz gerenciamento de token (fluxos de autenticação, atualização e revogação de token de acesso), gestão de consentimento (API, autorizações, revogações e um painel que apresenta todas as solicitações) e administração e relatórios (configuração do sistema, gestão de logs, acesso ao painel de controles, relatórios e lista negra de parceiros).
O que é o Open Banking?
O Open Banking é o compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas, a critério dos clientes, por meio de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de sistemas de informação, de forma segura, ágil e conveniente.
Com a chegada do novo modelo, o cliente assume totalmente o controle dos seus dados e poderá oferecê-los de forma segura a terceiros e, principalmente, revogar o consentimento a qualquer hora. Já a instituição financeira precisa cumprir os critérios estabelecidos na regulamentação brasileira.
A plataforma já está sendo utilizada pelo Citi Brasil desde o fim do ano passado por meio da TecBan e da Ozone. “Acreditamos que o Open Banking deve transformar o sistema financeiro na próxima década, proporcionando novas oportunidades de negócios, concorrência e inovação”, afirma o diretor de Produtos e Canais Digitais do Citi Brasil, Leandro Quintal.
As 4 fases do Open Banking
A infraestrutura de funcionamento do Open Banking será implementada no Brasil em quatro fases. Confira, a seguir, o que ocorre em cada uma delas.
- Primeira fase
A partir desta segunda (1º), as instituições participantes vão entregar informações sobre seus canais de atendimento – como endereços das agências, horários de funcionamento e os canais oferecidos para atender clientes, como os telefônicos e digitais (internet banking e mobile banking).
Nesta primeira fase, também entram os dados e as características sobre os produtos e serviços oferecidos, como, por exemplo, tipos de contas e empréstimos e financiamentos que cada um dos participantes oferece ao seu cliente. O acesso a estas informações será público e os dados do cliente não entram nesta fase.
Nesta etapa, poderão surgir no mercado soluções que fazem a comparação entre produtos e serviços. Por exemplo: um aplicativo que informe endereços das agências, telefones, horários de atendimento, e ainda compare produtos e taxas cobradas entre diferentes instituições.
- Segunda fase
Na segunda fase, que se encerra em 15 de julho, as instituições poderão trocar dados de cadastros e transações de clientes entre elas, desde que o consumidor dê seu consentimento.
“O cliente é dono de seus dados e deverá dar seu consentimento de maneira expressa para que eles sejam compartilhados na infraestrutura do Open Banking. Ele deverá solicitar e autorizar o compartilhamento destas informações, escolhendo quando, como e com qual instituição isto irá ocorrer”, afirma o diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban, Leandro Vilain.
Caso o cliente autorize, nesta etapa poderão ser compartilhadas, entre instituições participantes, as informações de cadastro (nome, endereço, CPF, etc.), bem como dados de movimentação financeira (informações sobre contas e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos).
Será a partir desta etapa que se iniciará uma interação mais direta com o cliente final, ressalta Vilain. Na prática, a instituição que estiver recebendo as informações de cadastro e de movimentação financeira do cliente, após a sua autorização, poderá fazer propostas de crédito, investimentos e de serviços mais personalizados, e que tragam melhores condições de custos.
Também poderão surgir aplicativos que fazem simulações de crédito, investimentos, empréstimos em diversas instituições, com base na movimentação financeira do cliente e em outras informações que poderão ser agregadas após o consentimento do consumidor.
- Terceira fase
Na terceira fase, prevista para 30 de agosto, será possível que o cliente pague contas e faça transferências bancárias fora do internet banking ou do aplicativo do banco, por meio de um aplicativo intermediário.
Outro modelo de negócio poderá aparecer no comércio eletrônico: por exemplo, ao comprar em um site de e-commerce, será possível iniciar um pagamento ou uma transferência dentro do próprio site de vendas, sem precisar ter acesso ao aplicativo ou ao site do banco.
- Quarta fase
A quarta e última fase, prevista para 15 dezembro, ainda em discussões técnicas entre os participantes, se refere ao compartilhamento dos demais dados financeiros do cliente, como os de produtos e serviços de operações de câmbio, investimentos, seguros e contas-salário.
“Com a fase 4, teremos a consolidação da implementação de todo o cronograma do Open Banking. Mas é importante lembrar que o sistema, que gera uma série de oportunidades e novos negócios, estará em constante evolução e exigirá investimentos contínuos dos participantes, com pleno potencial para revolucionar os produtos e serviços em nosso mercado financeiro”, afirma Vilain. A própria Febraban elaborou um tira-dúvidas sobre o assunto.
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