Um game interno que garante aos funcionários um conhecimento maior da empresa e das suas atribuições e premia aqueles que evoluem mais nos conteúdos. Assim é a Connect, ferramenta desenvolvida pelo Grupo Boticário em parceria com a Benkyou, empresa integrante da Gouvêa Ecosystem. O game tem aumentado o engajamento dos funcionários nos treinamentos – que não são obrigatórios.
A solução é parte do processo de transformação digital da empresa. Os colaboradores aprendem de diversas formas, por meio de quizzes, textos, vídeos e podcasts, por exemplo. O game permite que eles vivenciem experiências e avancem de “fases” à medida que comprovam evolução. Tudo fica registrado e a ferramenta guarda informações sobre a adesão dos funcionários às informações necessárias para projetos e outras rotinas de trabalho.
Ao todo, o Grupo Boticário já investiu R$ 1,1 milhão no game, cuja primeira temporada foi lançada em 2019, ainda com outro parceiro. O valor foi distribuído entre prêmios (os funcionários colecionam “boticoins” que podem ser usadas para resgatar cursos online, fones sem fio e tablets, entre outros prêmios), manutenção e construção de conteúdo.
O gerente sênior de Design, Redes de Inovação e Sustentabilidade de Produtos do Grupo Boticário, Alexandre Roberto Silva, conta como o Connect tem ajudado os colaboradores. “O conteúdo, relacionado a transformação digital, novas formas de gestão, futuro das fábricas, de P&D [Pesquisa e Desenvolvimento] e da beleza, é de fácil entendimento. As pessoas começaram e pensar: ‘Se eu não consumir aquele conteúdo, vou ficar de fora. Vou perder uma parte da história que está sendo contada.’ Vemos funcionários jogando no celular.”
Projeto ‘desafiador e disruptivo’
A evolução do formato, segundo ele, foi fundamental para o aumento do engajamento. “Antes, o Connect tinha mais conteúdo escrito. Agora, é mais fluido, com mais vídeos, mais legal de ser consumido. A Benkyou teve um grande papel nessa nova formatação e o feedback tem sido muito positivo”, conta Alexandre.
A diretora de Marketing e Canais da Benkyou, Patrícia Bordignon Rodrigues, conta que a segunda temporada do Connect foi o primeiro game desenvolvido pela empresa. “Nós ouvimos detalhadamente todo o briefing e fizemos várias reuniões para que ele fosse compreendido. Abraçamos o projeto, que é muito desafiador e disruptivo.”
Ela comemora o fato de o game ter mudado a rotina dos colaboradores e ajudado a tornar a operação do Grupo Boticário mais ágil. “A descoberta da gamificação em 3D como forma de treinar e fazer a capacitação das equipes tem sido o maior divisor de águas da Benkyou. Outras empresas de varejo e serviço têm nos procurado. Muitas já usam plataformas, mas querem fazer mudanças.”
Treinamento de qualquer lugar
Outra vantagem do Connect está no fim da necessidade de deslocamento para certos tipos de treinamento, algo que ganha ainda mais valor em tempos de pandemia. Para Fábio Miguel, diretor da área de logística do Grupo Boticário, o game colabora para a redução dos custos. “Imagina juntar seis equipes, reservar hotel, espaço para ministrar os cursos e treinamentos. Teria um custo gigante. O Connect não só tem a praticidade do ensino à distância, como também estimula os mais jovens a trazer ideias, já que essa é uma linguagem mais próxima do universo deles”, conta.
O diretor da fábrica do Grupo Boticário em Camaçari (BA), Felipe Magaldi, dá um exemplo prático de como o Connect agilizou a implementação de um sistema na indústria. A empresa adotou o MES (Manufacturing Execution System), uma plataforma de gerenciamento das atividades de produção que estabelece uma ligação direta entre o planejamento e a execução diária da fábrica.
Foram feitas duas tentativas anteriores de implementação do MES que não deram certo. Já na terceira, o resultado foi muito melhor, houve grande sensibilização das pessoas sobre importância das tecnologias 4.0 e seus impactos para o futuro. O game, entre outras ferramentas, alavancou o engajamento de todos para a implementação do MES. “O Connect veio para calibrar e desenvolver o conhecimento sobre a indústria 4.0, deixando um registro de como cada um dos participantes tem evoluído”, conta Magaldi.
Além das compras que podem ser feitas com as “boticoins”, outro grande estímulo é dado para os diretores de operações que conseguem engajar seus funcionários. No ano passado, Alexandre Roberto Silva, da área de Design, Redes de Inovação e Sustentabilidade de Produto, ganhou o prêmio máximo: uma viagem para o Vale do Silício, na Califórnia (EUA) – que só não foi realizada, ainda, por causa da pandemia de Covid-19.
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