Enquanto grandes grupos varejistas brasileiros, como Magazine Luiza e Mercado Livre, estão ampliando sua atuação para o segmento de alimentos, na Via a ideia é caminhar por um terreno bem mais conhecido: o do crediário. “Não existe fidelização e recorrência mais forte do que essa”, afirma, em entrevista ao portal Mercado&Consumo, o CEO Roberto Fulcherberguer.
A Via Varejo abreviou recentemente sua marca com o intuito de evidenciar que vai além do varejo e se posicionar como uma “via de compras”. Paralelamente, anunciou que sua controlada Lake Niassa Empreendimentos e Participações adquiriu 100% das cotas de emissão da Celer Processamento Comércio e Serviço, plataforma proprietária de soluções de pagamentos que conta com cerca de 200 fintechs integradas.
“Está todo mundo desesperado por alimentos perecíveis, achando que eles é que vão dar recorrência para o jogo agora. A gente acha que não são só alimentos. Todo mês o cliente está conversando comigo porque está vindo pagar a parcela, seja na loja online, seja na loja física. Então, ele tem uma recorrência mensal comigo. Eu estou todo mês acessando esse cliente, tendo a chance de propor um novo negócio para ele. E, na hora em que ele está para acabar o carnê, ele faz um novo”, conta Roberto Fulcherberguer.
Os dados da Via mostram que o prazo médio de validade dos carnês varia entre de 14 e 15 meses e que 49% dos consumidores renovam o crediário dentro de 24 meses. Ou seja: praticamente metade dos clientes está em contato constante com a companhia. Conta a favor o fato de a oferta de crédito para consumo fazer parte do DNA das marcas da Via, como Ponto (ex-Ponto Frio) e, principalmente, Casas Bahia.
“Nós temos uma plataforma de crédito aqui que é nossa, que não depende de um banco ser mais ou menos arrojado, e o DNA desta companhia é dar crédito para essa camada da população. Esse crédito já virou digital. À medida que o online aumenta, a gente ganha share de maneira acelerada, porque a tem como dar acesso a esse consumidor. Esse mesmo crédito, para nós, está virando uma plataforma, e não necessariamente está a serviço apenas da Via.”
Carteira digital da Classe C
Atualmente, a Casas Bahia atua em parceria com o Bradesco e o Ponto, com o Itaú. Mas o tradicional crediário é mais forte dos que os ambas as soluções somadas em termos de volume. “Os alimentos farão parte dos ecossistemas, mas, para o nosso negócio, não serão a parte primária.”
Fulcherberguer destaca que grande parte dos brasileiros ainda é desbancarizada – outro ponto a favor de ecossistemas de varejo que têm forte presença no crédito. “Trabalhamos para ser a carteira digital desse cliente da classe C brasileira. Como sempre acreditei nele para conceder crédito, a chance de haver reciprocidade é gigantesca. A recorrência passa, assim, a ser hora a hora, minuto a minuto. Se o comércio do ‘seu’ João tem uma maquininha, por que não posso dar crédito por meio dela? Vou permitir que a lojinha do João venda parcelado independentemente de o cliente ter cartão de crédito.”
O crédito ao consumo no Brasil é tema do artigo do publisher da Mercado&Consumo, Marcos Gouvêa de Souza, desta segunda-feira (24). “O crédito ao consumo no Brasil é diferenciado pelo envolvimento direto e a participação das empresas varejistas na sua concessão, tornando o País um benchmarking global nesse aspecto”, destaca.
Nesta semana, nos dias 27 e 28 de maio, o especialista vai debater o tema Ecossistemas de Negócios com Mark Greeven, atualmente na Holanda, uma das maiores autoridades globais no tema, com a participação de Shaoming Yang, de Hong Kong, e ex-vice-presidente de Alibaba-AliExpress, apoio da KPMG e participação de CEOs e presidentes ligados aos setores de varejo e consumo no Brasil.
Para conhecer mais sobre o tema, acesse a Amazon e baixe o paper “Ecossistemas de Negócios: Transformando o mercado, o consumo e o varejo” (clique aqui). E, para participar do evento, clique aqui.
Imagem: Divulgação