Cada vez mais as redes sociais e apps surgem como uma via para o e-commerce e vimos como esse “fenômeno” ganhou força no cenário de pandemia. A explosão dos negócios online e a sede/necessidade de compra do consumidor em isolamento social e home office tornaram o ambiente virtual um terreno ainda mais fértil.
Nessa pegada de ter um negócio independente num momento de crise econômica, junto com a necessidade de apertar o cinto nos gastos, vimos surgir o social commerce no Brasil. Esta ainda é, sem dúvida, uma modalidade de compra a ser desbravada pelo consumidor brasileiro e que aparece com os mesmos desafios do comércio eletrônico já nosso velho conhecido: o de reputação e o de logística.
Para quem ainda não ouviu falar, o social commerce é uma modalidade de comércio eletrônico baseada na interação social que vem ganhando bastante destaque no cenário mundial, principalmente em países asiáticos. Algumas modalidades de vendas são feitas dentro de aplicativos de redes sociais, impulsionadas com lives e uma maior interação com vendedores.
Os aplicativos que apostam nesta novidade propõem o que os portais de compras coletivas tentaram fazer: uma compra em grupo que barateie o preço final do produto, como se fosse uma espécie de venda por atacado. Esta fusão do e-commerce com as redes sociais une pessoas que têm interesses comum de compras. Essa característica abarca o conceito da visão do social do negócio e, por meio de alguma plataforma de tecnologia, existe uma organização para uma única transação que contemple vários compradores.
Onde pode haver algum problema? Talvez a coordenação da entrega seja o elo mais frágil desta corrente. Mesmo com a organização de uma oferta agrupada e uma ação em que os clientes comprem todos juntos, a entrega será sempre individual. Isso gera um desafio logístico muito grande, e também de tempo, por exemplo, quando a venda envolve alimentos.
Outra questão é a confiabilidade. A plataforma de social commerce é um intermediário entre consumidores e vendedores, como nos portais abertos para os marketplaces. Neste caso, o cliente acessa as plataformas que organizam esses grupos de consumidores, mas realizam a transação em outros locais. Existe uma complexidade em receber estes consumidores, manter o dinheiro parado, como garantia, finalizar todas as entregas e pagar o fornecedor. Neste processo, é possível acontecer diversos problemas que podem fugir do controle.
Neste momento de negócios ainda incipientes nas plataformas de social commerce no Brasil, a maioria das queixas dos consumidores ocorre pelo não recebimento das compras – porque houve um problema de entrega e logística – e a dificuldade de receber o estorno do valor pago.
Uma das possibilidades é que os aplicativos estejam apenas errando, porque a tecnologia e a operação ainda não estão maduras, e com o tempo podem melhorar. Ou, na pior das hipóteses, pode ser golpe. Por isso, é necessário tomar muito cuidado com as ofertas que vão aparecer em Instagram e outros apps, em grupos de compras de importação direta. Há risco de o consumidor pagar e não receber.
A reputação deste serviço de social commerce é vital (como qualquer outro, diga-se de passagem!) e a qualidade com que o os fornecedores são gerenciados também é extremamente importante.
Definitivamente, isso é uma tendência que deve ocupar a imaginação dos consumidores. Muitas opções vão aparecer daqui para frente. O cliente precisa estar atento aos possíveis golpes e não comprar por impulso.
Com o tempo, o mercado começa a se encarregar de separar os bons dos maus vendedores. Mas é sempre importante o consumidor pesquisar o terreno em que vai pisar.
Edu Neves é CEO do ReclameAQUI
Imagem: Envato