Apesar das incertezas relacionadas à pandemia, à oferta de peças e ao desempenho da economia num ambiente de condições financeiras mais restritivas, a direção da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) traça um cenário de crescimento da indústria de veículos comerciais pesados no ano que vem. Com a tendência de aumento das entregas, a montadora contratou desde o início da pandemia mil funcionários na fábrica de Resende, no sul do Rio de Janeiro, e reafirmou nesta quinta-feira, 9, o plano, engatilhado neste ano, de investir R$ 2 bilhões no Brasil até 2025.
Durante apresentação à imprensa das perspectivas ao ano que vem, o presidente e CEO da montadora, Roberto Cortes, considerou que, em seus mais de 40 anos no segmento, nunca foi tão “desafiador” fazer previsões como agora. Assim, evitou projetar números para 2022, porém disse que, pela lógica, haverá crescimento do setor. “Esta é a única certeza que tenho”, comentou Cortes.
Ele disse trabalhar com 12 fatores que apontam a um ano de crescimento, e outros 6 que sugerem dificuldades pela frente.
Entre os motivos de otimismo, elencou o maior controle da pandemia, a perspectiva de crescimento, ainda que moderado, da economia – em especial de setores demandantes de caminhões, como o agronegócio -, a necessidade dos transportadores de renovar frotas e as encomendas de ônibus escolares pelo governo. Também entra na conta a possibilidade de antecipação de compras antes da entrada em vigor, em 2023, dos novos limites de emissões, cujas tecnologias resultarão em caminhões mais caros.
Alta de juros eleva o preço da aquisição
Por outro lado, Cortes lembrou que a alta dos juros e repasses de custos elevam o preço de aquisição dos veículos, ao mesmo tempo em que a oferta continua pressionada pela insuficiência de peças, sobretudo componentes eletrônicos. Além disso, o risco de repique da pandemia, como acontece na Europa, coloca a economia global em clima de incerteza.
Apesar das dificuldades no abastecimento de componentes que vêm interrompendo a produção de montadoras, Cortes disse que a fábrica de Resende não teve que parar nenhum dia, exceção feita a uma paralisação forçada, no fim de março, pela segunda onda da pandemia, além das férias normais que acontecem nas duas últimas semanas do ano.
“Não quer dizer que produzimos normalmente. Tivemos muita dificuldade para produzir, perdemos unidades em alguns dias ou semanas. Mas sempre tentamos recuperá-las quando as peças chegavam em nossa fábrica”, disse o presidente da VWCO, ao reconhecer que a crise de abastecimento alterou o ritmo de produção.
Com as contratações de mais mil funcionários, a fábrica chega a 5 mil pessoas trabalhando em dois turnos nas linhas de montagem e nos fornecedores que estão em seu entorno. Segundo Cortes, o quadro é adequado aos volumes previstos. “Por enquanto, estamos bem posicionados em relação a pessoal”, afirmou.
No ano que vem, a montadora passa a ter pela primeira vez um importador autorizado na Ásia. Um representante nas Filipinas será responsável pela distribuição na região dos caminhões exportados pela marca no Brasil, além de realizar a montagem local de micro-ônibus fabricados em Resende.
Com informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Laguna)
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