Os preços de bens e serviços nos Estados Unidos subiram 8,5%, em média, nos 12 meses terminados em março de 2022, divulgou nesta terça-feira (12) o Departamento do Trabalho do país. Os aumentos nos custos do combustível, dos alimentos e dos aluguéis foram os que mais contribuíram para a inflação, a maior desde 1981. Na comparação com fevereiro, a alta foi de 1,2%.
Em fevereiro, a inflação havia registrado 7,9%, o que já chamava a atenção do governo federal, preocupado com os efeitos da escalada dos preços sobre a popularidade do presidente Joe Biden e nas eleições de novembro.
A gasolina foi o segundo item que mais contribuiu para a subida dos preços, encarecendo 18,3% em março na comparação com fevereiro. Na variação anual, o salto já é de 48%.
Já os alimentos subiram apenas 1% frente ao mês anterior, mas já estão 8,8% mais caros do que março de 2021. Manteiga (6%), frutas e legumes enlatados (3,8%), arroz (3,2%), batatas (3,2%) e carne moída (2,1%) foram alguns dos itens alimentícios que mais encareceram na variação mensal.
Para o administrador de empresas Rodrigo Costa, especialista em mercado de trabalho americano e CEO da AG Immigration, a inflação nos EUA pode ser explicada por conjunturas internacionais, como a guerra na Ucrânia e as alterações climáticas que impactaram culturas agrícolas ao redor do mundo, e também por questões domésticas.
“Estamos vivendo um dos momentos mais aquecidos do mercado de trabalho nos EUA. São 11,3 milhões de vagas abertas e, ao mesmo tempo, um desemprego de apenas 3,6% – um dos menores do último meio século. Com isso, sem mão de obra disponível, as empresas começam a disputar mais ferozmente os profissionais que já estão empregados, em especial por meio de ofertas salariais mais vantajosas. A consequência disto é que o custo das empresas com a folha salarial aumenta e, assim, seus produtos e serviços ficam mais caros”, analisa.
Ele ressalta, porém, que a subida da inflação em um contexto de competição por mão de obra pode, curiosamente, corroer o poder de comprar destes salários maiores.
Em março, o governo dos EUA anunciou que foram criados 431 mil postos de trabalho nos EUA. Em 2021, foram 6,7 milhões de novas vagas – a maior quantidade já registrada.
Imagem: Shutterstock