Feliz Ano Novo

Por Marcos Gouvêa de Souza*

Nada pode parecer mais desconectado da realidade do que votos de um Feliz Ano Novo neste momento do País. E esse é o cerne da reflexão.

Oprimido por um quadro político-econômico desconcertante onde impera a visão imediatista e superficial sobre os desafios de curto, médio e longo prazo, o País vive aquela sensação paranoica do suicida que se joga do topo do prédio de 20 andares e ao passar pelo 15º andar pensa que até aquele ponto tudo está sob controle.


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A sucessão de fatos conspira contra toda e qualquer expectativa positiva no curto e médio prazo, embalada pela sucessão de equívocos e decisões pueris que reafirmam o caráter desconexo na forma da condução das questões mais estratégicas do País.

O conjunto de decisões envolvendo o STJ e a questão do impeachment prorrogam a agonia do paciente e, agravado pelo episódio da sucessão do comando da área econômico-financeira, só reafirmam a percepção de que a recuperação tardará a chegar.

Mas virá.

Ainda somos e seremos um País com população das mais jovens do mundo. Ávida por aproveitar o que a vida tem de melhor. Com incrível propensão ao consumo.
Ainda somos um País privilegiado em recursos naturais que o torna um fornecedor privilegiado de alimentos para o mundo.

Sempre seremos um País repleto de oportunidades para o desenvolvimento de inovações em todas as áreas da atividade humana, da biotecnologia àquelas que envolvem comportamento humano.

Continuamos a ser um País onde a miscigenação de raças cria oportunidades e não conflitos.

Sempre seremos um dos maiores cadinhos humanos do mundo como bem definiu o historiador Arnold Toynbee, mesclando raças, origens, culturas e hábitos e gerando um terreno fértil para a continuidade do desenvolvimento da sociedade.

Temos e sempre teremos uma natural propensão ao empreendedorismo, conceito-chave na evolução da economia e da sociedade com o avanço da tecnologia mesclando oportunidades individuais infinitas.

Só não podemos ser asfixiados pelo mesquinhez política que emerge dos despreparados e interesseiros sempre alertas para aproveitar cada vacilo para avançarem sobre os que descuidam do longo prazo.
Só não podemos delegar o futuro e a visão de longo prazo aos politiqueiros sempre alertas para legislar em causa própria.

Só não podemos nos descuidar de conciliar a atenção aos nossos próprios negócios com o cuidar de nosso futuro. A visão e a construção do futuro são indelegáveis.

Haverá de ser um feliz ano novo apesar de todos os desafios do presente.

O País que está emergindo desse dramático ciclo econômico e político é um País melhor, de consumidores-cidadãos mais conscientes e empoderados; de uma justiça igualmente empoderada, mais atuante e gerando exemplos para toda a sociedade; de empresários mais comprometidos com o futuro do País, além de seus próprios negócios; de políticos e empresários ambiciosos, gananciosos e aéticos sendo processados e condenados e perdendo o status de celebridades; de uma crescente consciência política e social emergindo dos jovens que se tornam cada vez mais protagonistas de sua própria História e do País.

Será um Feliz Ano Novo se, e somente se, assumirmos a responsabilidade que nos cabe em construí-lo. Nada acontece por acaso.

*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS

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