Com o objetivo de criar novos produtos e negócios e otimizar as operações de açúcar, etanol e bioenergia, a São Martinho inaugura, em Pradópolis (SP), um Centro de Inovação dedicado ao desenvolvimento de soluções tecnológicas em parceria com startups, empresas e universidades. A companhia investiu mais de R$ 150 milhões para levar conectividade aos 350 mil hectares de lavoura de cana-de-açúcar das quatro usinas no Brasil e pretende utilizar a capacidade de gerenciar suas operações de forma online e em tempo real como matéria-prima para o hub.
Em entrevista, o vice-presidente e superintendente Agroindustrial da companhia, Agenor Cunha Pavan, detalhou o projeto e ressaltou que a iniciativa poderá, até mesmo, favorecer a interação da empresa com agentes financiadores. “Quando houver interesse em investimentos, certamente, seremos olhados como uma iniciativa inovadora diferenciada”, afirmou o executivo.
O Centro de Inovação da São Martinho é um prédio instalado na principal unidade da companhia, considerada a maior planta processadora de cana-de-açúcar em operação do mundo, com moagem de 10 milhões de toneladas por safra.
No local, além das áreas de Gestão da Inovação, Ambiental, Sustentabilidade, Melhoria Contínua, Tecnologias Agroindustriais e Projetos, uma central de operações controla as atividades agrícolas e industriais das quatro unidades da empresa por meio de monitores com dados em tempo real. Por trás das telas, a São Martinho também contratou profissionais específicos para trabalhar nesse novo segmento da empresa, como especialistas em transformação digital e desenvolvedores de tecnologia.
A ideia do Centro de Inovação derivou de um planejamento estratégico da companhia elaborado para até 2030. Segundo Pavan, a São Martinho decidiu mirar no desenvolvimento de tecnologias e em novos negócios e, para atingir o objetivo, aproveitou sua “essência inovadora”. “O fato de termos um processo de inovação bastante estruturado abriu muitas portas alguns anos atrás para financiar nossa conectividade”, explicou o vice-presidente. “Queremos capitalizar essa conectividade em novos negócios, principalmente na frente digital”, completou.
A companhia vem investindo em transformação digital desde 2015, com a implantação de redes 4G nas usinas, em parceria com empresas como CNH Industrial, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e Tim. Entre 2018 e 2021, instalou também Centrais de Operações Agrícolas (COA) em todas as unidades da companhia, para monitorar as atividades. No último ano, a São Martinho começou a ativação da rede 5G com auxílio da Ericsson, Vivo e Tim e desenvolveu, ainda, uma plataforma de big data com a KPMG e a Microsoft para o gerenciamento dos dados. “Podemos sistematizar esse conhecimento agronômico e industrial na forma de algoritmos de inteligência artificial”, definiu Pavan.
O executivo afirma que um dos grandes objetivos da empresa com o hub é garantir a produção de carbono renovável com a máxima eficiência e o menor custo do mercado. Para isso, espera captar startups, principalmente com o auxílio Cubo Agro, e desenvolver soluções que favoreçam a logística das operações, a manutenção dos equipamentos e a agricultura de precisão (com o controle da adubação, de pragas e de bioinsumos).
O Cubo Agro, do qual a São Martinho foi uma das sócias-fundadoras, é derivado do Cubo Itaú e fomenta o empreendedorismo tecnológico do setor. “Em um ano, mais de 30 startups estiveram sob a nossa curadoria e a ideia é pinçar para dentro de casa aquelas que tiverem qualidade e alinhamento com nosso planejamento estratégico”, ressaltou Pavan. Além do Cubo, a São Martinho também é associada à ibiTech de Israel, à Enrich da Europa, à Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), entre outras iniciativas que devem se tornar parceiras do Centro de Inovação em breve.
Com informações de Estadão Conteúdo (Gabriela Brumatti).
Imagem: Reprodução