Os negócios no Brasil e no mundo passaram por mudanças drásticas de cenários nos últimos anos, quando houve também um aumento nas possibilidades de modelos de negócios para se chegar ao consumidor. Essa diversificação dos contextos dos negócios tornou-se fundamental para que muitas marcas e empresas pudessem se manter relevantes ou mesmo aumentar as chances de seguir num mercado cada vez mais competitivo.
Um grande exemplo desse processo tem sido a grande transformação da Dexco (ex-Duratex), para se tornar ainda mais moderna e próxima do consumidor. A indústria de mais de 70 anos de pisos, revestimentos e materiais hidráulicos ao longo do tempo se especializou em soluções em design de ambientes – ou seja, manteve um olhar claro de transformação e inovação com foco em quem realmente importa: o consumidor.
Além de toda a mudança de olhar para o negócio, diversas frentes estão sendo desenvolvidas, como a criação de um fundo para investimento em startups e scale ups, além de uma abordagem clara em sustentabilidade e a sustentação da companhia por meio de uma governança forte.
Esse case é um retrato da história do processo realizado pela indústria nos últimos anos, desde quando ela começou a vislumbrar que seu produto poderia chegar no consumidor final não apenas por meio de intermediários, mas ampliando esse escopo para canais próprios – sejam eles físicos, sejam digitais.
Alguns outros pontos importantes dos últimos tempos, especialmente a aceleração da transformação digital, contribuíram para que o caminho do D2C (diretc-to-consumer) fosse mais visto como complementar do que como um concorrente contra o qual a indústria colidiria com seus stakeholders. Essa evolução das plataformas de relacionamento com estes parceiros, com um avanço no B2B nos moldes digitais, trouxe tranquilidade e transparência necessárias para que os canais estabelecidos não precisem ser sacrificados nesse novo modelo.
Segundo a empresa de pesquisas Grand View Research, o B2B eletrônico movimentou US$ 6,88 trilhões em 2021, sendo que a média de crescimento desse setor deve ser de 19,7% até 2030. O chamado marketplace B2B, outro ponto importante dessa transformação digital na relação das empresas, deve movimentar US$ 3,5 trilhões em 2024.
Essa nova era permite agora que o consumidor possa continuar usando o varejo para realizar suas compras, porém com uma experiência de compra ampliada pela marca – que passa a poder efetivamente mostrar sua proposta de valor, seu jeito de ser com maior consistência, e também seu portfólio completo dos produtos sem intermediários. Ou seja, criando um novo canal de receita e de ampliação do seu market share.
Isso torna a jornada do consumidor ainda mais importante de ser observada. Agora a jornada passa a não ter um final. Ela não é mais linear, uma vez que ora a indústria faz o contato direto, ora o produto impacta o cliente via parceiros.
Há ainda, principalmente para a indústria, a possibilidade de esse contato com o consumidor fazê-la enxergar de forma mais clara quem é seu público, permitindo ainda que se reúnam dados cruciais sobre o comportamento desse cliente, suas preferências e desejos não atendidos.
Além desse aumento de participação no mercado, a indústria que faz do D2C uma estratégia reforça o relacionamento do público com sua marca, consegue ampliar margens pelo fato de realizar transações diretas, ganha maior entendimento sobre sua atuação e o que realmente significa sua relação com seu cliente.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
Imagem: Shutterstock