Por Marcos Gouvêa de Souza*
Talvez seja só um acaso, desses que a vida insiste em criar. Mas a coincidência do fim da Olimpíada no Brasil, com o início do processo final do impeachment e algumas notícias sinalizando um outro estado de espírito no País, permite outras interpretações e análises.
Não se pode negar que já se vive um outro ânimo nas empresas e com o próprio consumidor. Particularmente neste último caso, retratado no terceiro mês consecutivo da melhoria do Índice de Confiança.
A própria imagem internacional do País começa a ser redesenhada de forma diversa do que vinha sendo considerada e a matéria da The Economist deste fim de semana é retrato dessa outra visão com respeito ao Brasil. Os Jogos Olímpicos, na sua média geral, surpreenderam todos que criavam a ideia do apocalipse durante aquele período.
Mais do que isso: contribuíram para passar uma imagem positiva, simpática, moderna, aberta, plural e atual do Brasil.
No Momentum da segunda semana deste ano sugeríamos que 2016 seria um drama em três atos, onde a Olimpíada teria um efeito importante como “distensor” de preocupações e redirecionador do comportamento coletivo. E naquele momento propúnhamos que o que aconteceria em seguida estaria diretamente relacionado com a indefinida situação do Governo Federal.
Neste momento, caminhamos para o aguardado ato final do impeachment, que poderá ocorrer até o final do sempre fatídico mês de agosto, ao mesmo tempo em que comemoramos o fechamento positivo da Olimpíada, vivemos esse clima de moderada distensão pós recessão e, no curto prazo, o foco se concentrará na disputa das eleições municipais.
Esses elementos irão criar um clima mais ameno que, se não resolve a crise política-econômica-financeira de curto prazo que nos metemos, cria outro cenário mais positivo pela frente.
Vamos começar a perceber isso no comportamento de vendas e no consumo nos próximos meses, especialmente no Black Friday e nas vendas do Natal.
Momento de Reflexão
Ao mesmo tempo que nos afastamos do período mais crítico já vivido pelo País nas últimas décadas, que gerou 11,3 milhões de desempregados e com as cicatrizes ainda abertas, precisamos usar esse momento para uma reflexão mais ampla e profunda sobre as causas que nos trouxeram a essa situação para que não repitamos os equívocos e omissões que criaram essa realidade.
Repensar de forma aberta e ampla sobre o papel do estado e especialmente dos setores empresariais, de sua representatividade e responsabilidades. Especialmente sobre suas relações com o estado e com a política.
Em qualquer reflexão será necessário um “mea culpa”, no mínimo por omissão, quando não por conivência.
O país que estará emergindo desse ciclo recente será, naturalmente, um país mais ético, formal e menos corrupto. Mas é preciso que seja muito mais.
E podemos e devemos repensar todos esses aspectos para propor um projeto de país no longo prazo, mesmo quando todos os direcionadores apontam para o curto prazo como estado de espírito emergente de uma sociedade mais digital.
Este é o momento ideal para esta reflexão.
Quando estamos saindo da catástrofe recente, porém ainda machucados, e naquele período que estamos muito mais abertos e sensíveis aos problemas, suas causas e consequências.
Uma nova jornada tem que ser agora pensada e não pode ser mais protelada.
Nota. A partir de amanhã, entre 23 e 25 de agosto, no Expo Center Norte em São Paulo, o Grupo GS& estará promovendo o 2º LATAM Retail Show, onde os temas que impactam o mercado e o consumo serão amplamente e debatidos pelas principais lideranças do Brasil e da América Latina.
*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS