Você imaginaria que seria possível vender no varejo no Brasil mais de R$ 1,5 bilhão por ano sem nenhuma loja, centro de distribuição ou funcionário? Pois o Alibaba já consegue isso vendendo diretamente a partir da China.
E estamos presenciando uma desfronteirização de negócios numa dimensão jamais vista antes.
Importante lembrar que apenas em torno de 80 empresas, nacionais e internacionais, vendem no varejo brasileiro valor superior a R$ 1,5 bilhão por ano.
Eles vendem em todo o país produtos eletrônicos (sem rede de assistência técnica), acessórios de moda, vestuário e produtos esportivos, além de diversos itens mais.
E tudo começa a partir das mudanças que hoje acontecem na China.
O que tem se desenhado a partir da realidade de negócios por lá está muito longe de uma evolução disruptiva. É necessário criar um novo termo para sua correta descrição. Talvez seja uma omnirevolução de mercado.
Essa omnirevolução tem como epicentro o empoderamento digital de uma população de 1,4 bilhão de pessoas e o surgimento dos Ecossistemas de Negócios, causa e consequência dessas mudanças.
Mas a melhor constatação é a velocidade, a dimensão e a valorização dos conglomerados que se posicionam como Ecossistemas de Negócios e que estão constante e decisivamente mudando o mercado como hoje o conhecemos.
O próprio Alibaba é uma empresa que iniciou suas operações de e-commerce há apenas 19 anos e tem valor de mercado de US$ 410 bilhões.
Para efeito de comparação o Walmart, ainda o maior varejista do mundo, criado há 56 anos, tem perto de 12 mil lojas e 2,3 milhões de funcionários no mundo e tem valor de mercado nesta semana de US$ 284 bilhões. Mas tem mais.
A Tencent, que iniciou há apenas 20 anos seu ecossistema de negócios a partir da rede We Chat de comunicação digital, multiplicou vertiginosamente seus negócios, sendo lider global em jogos eletronicos e tem hoje valor de mercado de US$ 334 bilhões, 30% superior ao do maior varejista do mundo! Como informação, a Tecent no início de outubro, comprou uma participação de 5% no banco digital brasileiro Nubank por US$ 90 milhões.
Percebem no que o mercado está apostando? Mas pode ter mais exemplos.
A JD, empresa focada em soluções digitais, que tem entre seus acionistas a Tencent com 21,25%, e que também opera uma miríade de negócios em seu própro ecossistema, incluindo os supermecados 7 Fresh, tem valor de mercado de US$ 33 bi.
A Didi, versão dominante de serviços de compartilhados de veículos, rival do Uber, usada por mais de 450 milhões de chineses, neste começo de ano comprou o controle da 99, que conferiu à empresa brasileira um valutation superior a US$ 1 bilhão.
A Didi tem entre seus acionistas Tencent e Alibaba, e mais recentemente Apple também investiu na empresa. A Didi tem previsão de fazer seu IPO nos próximos meses e seu valor é estimado entre US$ 70 e US$ 80 bilhões, depois de ter levantado US$ 4 bilhões no final do ano passado, quando foi precificada a US$ 50 bilhões.
Nessa lista de estrelas dos Ecossistemas de Negócios caberiam ainda várias outros nomes como Baidu, Xiaomi e muitas mais, todas com 20 anos ou menos de existência e resultado do crescimento incrível da economia chinesa e sua expansão local e internacional. E a multiplicação de seus negócios, interconectados e apoiados no conhecimento dos consumidores, que se assemelham às plataformas de negócios do mundo ocidental, dos quais os expoentes são Amazon, Apple, Facebook e Google.
Com a diferença que os modelos de Ecossistemas de Negócios criam uma interconexão mais ambiciosa e com muito maior velocidade, espalhando negócios, soluções e empresas num ritmo impressionante.
Muito tem sido dito e reportado sobre as mudanças que acontecem na China e muita atenção tem sido dada às transformações nas lojas, nos meios de pagamento, nos canais de distribuição e logística, nas redes sociais e no empoderamento digital do consumidor chinês mas muito mais precisa ser entendido sobre as organizações empresariais e seu impacto na própria China e no mercado internacional.
Os números de vendas e transações, o crescimento dos negócios, o valuation das empresas e a velocidade como tudo isso está acontecendo é um convite para uma aprofundamento e um aprendizado ainda mais intenso para identificarmos áreas de oportunidade e ameças.
Afinal, quem poderia imaginar que seria possível vender no varejo do Brasil mais de R$ 1,5 bilhão por ano sem nenhum funcionário, centro de distribuição ou loja???
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