Mesmo com o varejo fechando o ano de 2024 com o melhor desempenho dos últimos 12 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na bolsa de valores o cenário é diferente: 66% das empresas do setor tiveram seus papéis desvalorizados. A gigante Casas Bahia lidera a queda das ações, com -73,96%, seguida pela varejista de moda Marisa, com -70,98%. Cinco marcas aparecem empatadas na terceira posição entre as maiores quedas: Veste – Le Lis, Dudalina, John John, BO.BÔ e Individual, com -60,84% cada.
Os dados foram levantados pela DC News com base nas informações das companhias com ações dessa categoria. Outras empresas que apresentaram queda foram: Grupo SBF – Centauro (-0,65%), Lojas Renner (-19,52%), Espaçolaser (-35,65%), Arezzo&Co – que inclui as marcas Reserva, Schutz, Farm, Maria Filó, Hering, Anacapri e Animale (-51,32%) e Lojas Quero-Quero (-60,80%).
De acordo com especialistas, o aumento do risco, impulsionado pela alta da Selic e do dólar, está entre os fatores macroeconômicos que explicam o cenário. No entanto, algumas companhias registraram resultados positivos em 2024, totalizando cinco empresas: Grazziotin – vestuário (+5,48%), Guararapes – Riachuelo (+6,17%), C&A Modas (+7,03%), Petz (+15,30%) e Allied – eletrônicos (+16,70%).
Alguns casos
Os papéis da Magazine Luiza, a terceira maior varejista do País, segundo os últimos dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) de 2024, apresentaram uma depreciação de 68,14%, passando de R$ 20,40 para R$ 6,50.
A Americanas lidera entre as empresas com maior retorno negativo. Suas ações despencaram de R$ 90 para R$ 6,20 entre 2 de janeiro e 30 de dezembro de 2024, uma queda de 93,11%. Esse desempenho é resultado direto do escândalo de fraude financeira divulgado em janeiro de 2023 – um caso à parte. Para Gustavo Akamine, sócio e gestor de portfólio de renda variável da Constância Investimentos, a situação da Americanas é um exemplo clássico de como uma gestão financeira problemática afugenta investidores.
Akamine também menciona outros casos, como os de Casas Bahia e Marisa. Segundo ele, a lógica é clara: juros altos e endividamento geram incertezas no mercado sobre o desempenho operacional das empresas.
Cenário econômico
Akamine explica que as empresas que conseguem antecipar cenários macroeconômicos desfavoráveis, realizar planejamento financeiro, oferecer crédito aos clientes, gerenciar suas dívidas e lidar com as flutuações cambiais têm maior probabilidade de alcançar resultados operacionais positivos. Isso, por sua vez, fortalece a confiança dos investidores na bolsa.
A perspectiva para as varejistas em 2025 não é animadora. A taxa básica de juros fechou 2024 em 12,25%, mas a projeção do mercado, segundo o mais recente relatório Focus, divulgado na segunda-feira, dia 20, é que ela encerre 2025 em 15%, enquanto o dólar deve alcançar R$ 6. Como destacou Akamine, para evitar repetir o cenário ruim do varejo na bolsa de valores, é essencial que as empresas se planejem adequadamente para enfrentar condições econômicas adversas.
Com informações de DC News.
Imagem: Shutterstock