A vacinação avançada nos Estados Unidos já tem impacto nos pacotes de viagens para Natal e Ano Novo naquele país. No Brasil, o índice que é considerado um prévia do PIB aponta para um ritmo de recuperação da economia mais forte que o esperado, embora alguns setores estejam se saindo melhor do que outros.
Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.
Cenário econômico internacional
A inflação (CPI) dos Estados Unidos mostrou variação anual de 4,1%, muito acima da meta de 2%. Mesmo o core, que exclui preços mais voláteis, subiu 0,9% apenas em abril. Assim, a inflação assusta o mercado e já alerta as autoridades monetárias.
Pela primeira vez em muito tempo, o FED (Banco Central Americano) admitiu começar a discutir a compra de ativos que complementa a política monetária. Como os juros já estão próximos de zero, a autoridade monetária americana complementa a flexibilização com compras de ativos. Atualmente são comprados, mensamente, US$ 120 bilhões em ativos. Em comunicados anteriores, o FED argumentava que começaria a discussão com antecedência e parece que esse tempo chegou. Isso não significa que haverá subida de juros, mas que a política será menos expansionista.
Pacotes de viagens já estão sentindo os efeitos da vacinação avançada naquele país. Pacotes turísticos para Natal e Ano Novo já estão com altíssima demanda e há previsão de que esse ano repita o recorde de preços de 2019.
O preço do bitcoin vem caindo consistente nas últimas semanas. Esse efeito é causado por dois motivos principais: vendas relevantes do presidente da Tesla, Elon Musk, e proibição de uso da moeda dentro do território chinês. O primeiro indicou que preocupações ambientais o convenceram a sair da moeda virtual, enquanto a China abre espaço para sua própria moeda. Europa e EUA também estão se movimentando para terem a sua. Pode ser má notícia para os detentores das moedas virtuais no longo prazo.
Cenário econômico do Brasil
O IBC-Br, índice do Banco Central que é um indicador antecedente do PIB, mostrou crescimento de 2,27% da economia no trimestre, antecipando que teremos um PIB positivo nos três primeiros meses de 2021 e reforçando o ritmo da recuperação mais forte que o esperado. Essa recuperação, no entanto, é muito heterogênea entre setores e segmentos. Enquanto bens de capital e materiais de construção, por exemplo, registram fortes altas em relação ao mesmo período de 2019 (lembrando que 2020 não é um bom balizador, por conta da pandemia), produção e vendas de automóveis e de vestuário e calçados registram quedas expressivas.
Em relação à inflação, nota-se que o IPCA de abril veio dentro do esperado pelo mercado (0,31%). Com isso, as previsões se mantêm, com aceleração no curto prazo que pode fazer com que o índice de 12 meses alcance mais de 7,5% em maio, para depois arrefecer no segundo semestre e encerrar 2021 entre 5% e 5,5%. A acomodação do câmbio em patamar mais favorável reduz as pressões sobre os preços dos combustíveis. Por outro lado, há riscos nesta trajetória, principalmente associados ao clima, que pode afetar os preços da energia elétrica (bandeira vermelha) e dos hortifrutigranjeiros, caso ocorram geadas.
A arrecadação federal de impostos de abril reforçou expectativas positivas para a economia e, novamente, foi recorde para o período. Só em abril, o governo arrecadou R$ 156 bilhões; no quadrimestre, foram R$ 602,7 bilhões. Ambos são recordes da série histórica. Apesar dos alguns impostos recebidos terem sido represados de adiamentos por conta da pandemia, o resultado è excelente e projeta um melhor cenário para abril, uma vez que a arrecadação é boa proxy da atividade. A melhora em relação a abril do ano passado foi de 45%.
Gouvêa Analytics é a unidade de mapeamento de tendências econômicas da Gouvêa Ecosystem.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo