As ações da Nestlé recuaram quase 4% na abertura das negociações na Europa, enquanto o mercado ainda digere a mudança de CEO anunciada na quinta-feira, 22, pela empresa. Após a abertura, a queda foi reduzida, mas agentes ainda questionam os motivos por trás da saída do presidente-executivo Mark Schneider, que será substituído pelo chefe das operações na América Latina, Laurent Freixe, a partir do dia 1º de setembro.
A decisão deixa várias perguntas a serem respondidas, escreveram os analistas da RBC Capital Markets James Edwardes Jones e Wassachon Fon Udomsilpa em nota.
“Não sabemos nada sobre as razões da saída de Mark Schneider e da sua substituição por Laurent Freixe, atualmente chefe da região América Latina da Nestlé”, disseram no comunicado. “Parecer-nos uma medida dura se for apenas uma resposta à recente fraqueza financeira e dos preços das ações.”
A mudança ocorreu apenas um mês depois de a Nestlé ter reduzido a sua orientação de vendas para o ano e ter afirmado que os preços estavam sendo pressionados pelo aumento da atividade promocional, à medida que os consumidores procuravam alternativas mais baratas aos produtos de marca.
A empresa ainda está sendo investigada pela morte de duas crianças na França por uma infecção pela bactéria E. coli, após consumirem uma das marcas de pizza da Nestlé no país. No início deste ano, os procuradores franceses disseram que estavam investigando por regras flutuantes sobre a forma como tratava a sua água mineral.
O conjunto de habilidades do novo CEO é mais adequado ao ambiente atual, disse o presidente da Nestlé, Paul Bulcke, em teleconferência com analistas na sexta-feira.
Freixe ingressou na Nestlé em 1986 e atuou em diversas funções, incluindo chefe da Europa e das Américas.
“Nesta situação de mercado são necessárias qualidades diferentes, alguém que vá lá, conecte e motive as pessoas”, disse Bulcke, também ex-CEO da Nestlé.
Freixe falou aos analistas que a Nestlé precisa equilibrar igualmente a participação de mercado e a lucratividade, com investimentos focados em ganhar participação de mercado.
A decisão da Nestlé de substituir o CEO Mark Schneider pelo antigo insider Laurent Freixe sugere que a gigante alimentícia suíça está voltando às raízes em um período incomum em que está em águas turbulentas, disse o analista da Vontobel Jean-Philippe Bertschyem nota. “Há uma necessidade urgente de a empresa encontrar algum tipo de estabilidade para recuperar a confiança dos investidores. Os próximos meses serão decisivos”, afirmou.
O analista ainda espera que a fabricante das barras de chocolate Kit Kat e do café Nescafé possa fazer mais mudanças daqui em diante na alta administração.
Já analistas do Jefferies avaliam que a Nestlé pode reduzir sua projeção de margem para 2025 após a substituição, em meio a um aumento dos custos das commodities.
O segundo trimestre da gigante alimentar suíça pareceu ser o início de uma redefinição de preços e, combinado com a mudança de CEO, põe em questão a sua atual orientação de margem de 17,5% a 18,5%, escreveram.
Para analistas do Deutsche Bank, a mudança do CEO levantará questões sobre até que ponto os volumes de vendas da Nestlé poderão se recuperar no segundo semestre do ano e se os objetivos de rentabilidade serão mantidos.
Com informações de Estadão Conteúdo
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