Crise nas big techs: onda de demissões em massa continua

Qual a situação dos profissionais demitidos? Quais devem conseguir rápida recolocação?

Crise nas big techs: onda de demissões em massa continua

A cada semana, sai uma nova notícia de que alguma big tech demitiu milhares dos seus funcionários. Google, Microsoft, Meta, Amazon e Twitter são algumas das empresas que fizeram parte das manchetes das ondas de demissões. Nos últimos três meses, mais de 50 mil pessoas que trabalhavam nas maiores empresas de tecnologia do mundo encontraram o cenário do desemprego. Com isso, o mercado de trabalho está repleto de profissionais qualificados procurando uma vaga.

E agora? Como se destacar no meio desse mar de pessoas rumo à recolocação?

Não há previsão de término para os relatos de desemprego. Estamos sempre a um clique do LinkedIn de descobrir que outra empresa fez uma grande dispensa de funcionários. É assustador, eu sei. A má notícia é que esse movimento deve continuar. O velho ditado que diz que “depois da tempestade, vem o arco-íris” está na ordem inversa neste caso. As empresas de tecnologia passaram por momentos favoráveis durante a pandemia do covid-19 e, agora, estão enfrentando a crise. Depois do arco-íris, vem a tempestade.

Com o isolamento social da pandemia, as empresas encontraram a necessidade de se digitalizar de forma rápida. Para conquistar seu espaço na corrida digital, as organizações do setor de tecnologia tiveram um grande aumento no volume de contratações. A Meta, por exemplo, praticamente dobrou seu número de funcionários. A dona do Facebook contava com 48.268 funcionários em março de 2020 e, aproximadamente dois anos depois, a quantia saltou para 87.000. Agora, o boom tecnológico acabou, a inflação disparou e as empresas estão lidando com a desaceleração da economia.

A culpa não é exclusiva de fatores externos. Durante a disputa para ver qual empresa conseguia se digitalizar mais rápido, o planejamento ficou para trás. Enquanto o mercado seguia em um ritmo acelerado, tudo bem. Porém, quando o cenário econômico pisou no freio, os erros da gestão ficaram mais claros. Todo crescimento sem um planejamento estruturado é inviável. Daqui para frente, as big techs terão que focar nas suas projeções para planejar seus próximos passos de forma racional.

Mais do que números e dados econômicos, o quociente da equação das demissões é um só: 50 mil pessoas demitidas nos últimos três meses. 50 mil pessoas. Pessoas. Profissionais que tinham a segurança de um salário e que não têm mais. A concorrência do mercado de trabalho, que nunca foi pouca, é significativamente aumentada. Agora, mais do que nunca, os profissionais precisam exibir seus diferenciais e mostrar como podem ser melhores do que as outras 49.999 pessoas.

Não é novidade o fato de que só competências técnicas não te levam a lugar algum. Mas não custa reforçar. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, há quatro competências que serão altamente demandadas até 2025: solução de problemas, autogestão, trabalho em equipe e domínio das ferramentas eletrônicas. As famosas soft skills continuam sendo uma grande vantagem na concorrência. Mais do que adicionar “trabalho em equipe” como uma competência no currículo, é importante estudar e se aprofundar nas questões emocionais que te trazem as habilidades não-técnicas. Não é fácil. Por isso mesmo, é o grande diferencial atual.

Procurar cursos e treinamentos, tanto sobre competências emocionais quanto sobre assuntos específicos de acordo com a especialização de cada um, deixou de ser uma vantagem. É o mínimo esperado pelos recrutadores. Além disso, escolher plataformas digitais que tragam conteúdo de qualidade e atualizações constantes é essencial. Manter uma rede de networking também é uma boa estratégia para se recolocar de forma mais rápida. O importante, no fim, é estar disponível para aprender. O conceito de life long learning nunca fez tanto sentido.

Rodrigo Maia dos Santos é CEO da Gonow1.
Imagem: Shutterstock

Sair da versão mobile