Com a nova onda de calor extremo que atinge o Brasil, as vendas de aparelhos de ar-condicionado devem crescer pelo menos 20% neste ano, segundo estimativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O aumento da demanda também aquece a produção desses equipamentos, que deve crescer 15% em 2025, de acordo com a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
O ritmo acelerado da procura pelos aparelhos pode gerar um descompasso com a oferta, resultando em aumentos sazonais de preços.
“Se a oferta desses produtos, como ar-condicionados, ventiladores e climatizadores, não acompanhar o ritmo da demanda, os preços podem subir, gerando um impacto sazonal que reforça a alta do IPCA”, explica Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.
Além do impacto direto no preço dos aparelhos, a alta no consumo de energia elétrica preocupa especialistas. Com o aumento expressivo no uso de equipamentos de refrigeração, a demanda por eletricidade tende a subir significativamente.
“Com o aumento expressivo no uso de aparelhos de refrigeração, a demanda por energia elétrica pode subir significativamente. Caso a oferta de geração não acompanhe esse crescimento, podemos ter reajustes no preço da energia, o que pressionaria ainda mais a inflação”,
Alimentos mais caros
Os efeitos da onda de calor também devem atingir a produção agrícola, principalmente no cultivo de frutas, hortaliças e outros alimentos básicos. “Essa onda extrema de calor pode afetar diretamente a produtividade no campo. Como esses produtos têm um peso significativo no IPCA, a menor oferta pode pressionar ainda mais os preços dos alimentos, que já vinham subindo devido a eventos climáticos anteriores, como o excesso de chuvas”, ressalta o economista.
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