O varejo vive um momento “complexo e desafiador”, impactado pelos já conhecidos desafios internos, em especial pela inflação e os conflitos políticos, e por questões internacionais, incluindo os problemas no sistema financeiro da Europa e dos Estados Unidos. Tudo isso faz com que seja necessária uma união ao redor de uma pauta “em defesa do setor empresarial, do país e dos brasileiros de forma mais justa, ampla e democrática”.
As palavras constam de uma carta divulgada ao final da 11ª edição do Fórum Lide do Varejo, realizada nesta quinta-feira, 24, em São Paulo. O documento foi lido por Marcos Gouvêa de Souza, presidente do Lide Comércio e curador do Fórum Lide do Varejo. O executivo é o fundador e CEO da Gouvêa Ecosystem e publisher da Mercado&Consumo.
Marcos Gouvêa chamou a atenção para o fato de o novo governo federal ter ampliado o número de ministérios para 37, sendo que nenhuma dessas posições é ocupada por representantes do setor empresarial ou privado. “Segue com perto de cem dias de um novo governo marcado por muitos planos e propostas num cenário tão ou mais dividido do que no período eleitoral pelas diferenças internas dentro do governo”, pontuou.
Para ele, uma reforma tributária, como a que vem sendo planejada pelo governo, é necessária, mas arriscada se realizada antes de uma reforma administrativa, podendo convergir para aumento da carga de impostos em particular para o setor de serviços.
“Para complicar ainda mais, os problemas específicos de algumas redes de varejo disseminam a percepção equivocada de problemas sistêmicos, abalando o setor como um todo, aprofundando as dificuldades em especial nos temas ligados a crédito para pessoas físicas e jurídicas.”
Representatividade do setor
O presidente do Lide Comércio e curador do Fórum Lide do Varejo destaca, ainda, que os setores de comércio e varejo têm 8,6 milhões de empregados, que representam 20% do emprego formal no Brasil. Esse índice passa de 30% se forem somados os trabalhos informais. A representatividade do setor no PIB é de 27,4% e vem crescendo há mais de 20 anos.
“São setores que foram forjados e desenvolvidos no Brasil durante sucessivas crises locais e globais e que vêm investindo de forma consistente, incorporando tecnologia, o digital e os mais modernos conceitos praticados no mundo, incluindo sua reconfiguração como Ecossistemas de Negócios”, pontuou, na carta final.
Para Marcos Gouvêa de Souza, comércio e o varejo deveriam dar exemplo neste momento, integrando e reunindo as diversas cadeias de valor, os diferentes segmentos, canais, formatos e negócios, por meio de entidades nacionais e regionais, “para se unir num projeto Brasil com uma pauta mínima única em defesa do setor empresarial, do país e dos brasileiros de forma mais justa, ampla e democrática”.
Imagem: Divulgação