A Inteligência Artificial e o novo capítulo da colaboração de dados

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Vivemos um momento decisivo na evolução da publicidade digital. Com a crescente perda de sinais, como cookies, identificadores de dispositivos e até mesmo dados de terceiros, as marcas enfrentam o desafio de manter a personalização e a eficiência de suas campanhas sem recorrer aos rastros tradicionais deixados pelos usuários na web. Nesse cenário, a Inteligência Artificial (IA) surge não apenas como uma ferramenta tecnológica, mas como um elemento-chave para uma nova cultura de colaboração e respeito à privacidade dos dados.

Por muitos anos, a troca de dados entre empresas foi limitada por barreiras técnicas, jurídicas e, principalmente, pela desconfiança mútua. No Brasil, a LGPD veio reforçar a necessidade de tratar dados pessoais com responsabilidade, transparência e segurança — valores que agora se tornaram ativos estratégicos para qualquer marca. E é justamente nesse contexto que a IA mostra sua verdadeira potência.

A IA já provou que pode automatizar, otimizar e personalizar. Mas talvez o impacto mais profundo da Inteligência Artificial esteja na forma como transforma a colaboração entre marcas em torno dos dados. Com algoritmos poderosos e estruturas seguras, a IA inaugura uma nova era: mais fluida, inteligente e estratégica.

Por muito tempo, parcerias de dados enfrentaram barreiras técnicas e regulatórias. Hoje, os clean rooms — ambientes seguros de troca — superam esses obstáculos. Eles permitem que empresas combinem dados com confidencialidade, gerando insights sem expor informações sensíveis. A IA atua como catalisadora: processa volumes cruzados, cria análises preditivas, segmentações dinâmicas e ativações personalizadas. De espaço seguro, os clean rooms se transformam em laboratórios de inovação.

Uma nova forma de ativar

Tem sido possível explorar tecnologias que tornam possível cruzar dados sem expô-los, ativar campanhas precisas e medir resultados — tudo com respeito à privacidade. A IA é o elo entre dados diferentes, objetivos distintos e usos complementares.

Esses usos já são realidade: criar audiências com sinais fracos, enriquecê-las com modelos preditivos, ativá-las no YouTube ou Meta e medir seu impacto, sem tirar os dados de seu ambiente original. É uma nova gramática da colaboração, viabilizada por IA e por identidade autenticada.

Mais do que eficiência, é uma mudança de cultura. A IA permite alianças mais precisas, transparentes e segmentadas. Os dados viram linguagem comum entre marcas, plataformas e consumidores. Em um mundo onde a confiança vale tanto quanto a performance, essa mudança não é acessória.

A IA não substitui a colaboração — ela a potencializa. O futuro do marketing está nessa fusão entre inovação tecnológica e cooperação com responsabilidade: um marketing que aprende, se adapta, escuta — e conecta.

 Gabriel Mazzutti é head of Publishers Partnerships Latam na LiveRamp.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato

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